terça-feira, 7 de junho de 2016

FLORES FOLHEADAS





PREFÁCIO


O tempo luz evidências
indecifráveis nas águas mansas

liberta-se apócrifo
no "rio da minha aldeia"
quando num fôlego de guelras
peixes em cardume
vêm à tona entardecer
de olhos abertos

POSFÁCIO

Vassalos os cães
quase litúrgicos
afagam as margens
ladram vertiginosos
pelo mais precioso
que a vida lhes parece

flores de sal folheadas
nos remos e nos passos

um osso duro de roer


Eufrázio Filipe

20 comentários:

Laura Ferreira disse...

as águas são mansas, aparentemente :)

manuela baptista disse...

notas à margem do rio

a folhear os seus poemas


um abraço

Rogério G.V. Pereira disse...

entre a primeira página e
a última folha

um rio de esperança
a percorrer

e um osso duro de roer

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

nem sempre as águas são mansas... por vezes são bem violentas

e há as margens e o caminho

e o caudal

e tantos detalhes...

muito belo!

:)

Jaime Portela disse...

O indecifrável num osso duro de roer...
Tem um bom fim de semana.
Abraço.

Rita Freitas disse...

Será mesmo duro de roer

Janita disse...

Entre a placidez das águas
e a vassalagem dos cães
há um longo caminho a percorrer
tão pedregoso,
como um osso duro de roer.

Um grande abraço, Poeta!

Teresa Durães disse...

"quase litúrgicos", gostei!

Manuel Veiga disse...

entre o Prefácio e o Posfácio parece faltar a brilhante Lua para os cães ladrarem...

talvez a Lua ande por outras paragens.
mas a Lua é mentirosa e certamente irá voltar...

abraço, Poeta

Mar Arável disse...

Herético
Entre o prefácio e o posfácio
só não faltou o teu abraço

Manuel Veiga disse...

... e faltou a frase que não vejo publicada

"entretanto os cães entretêm-se a roer o osso"

com o abraço. sempre

Mar Arável disse...

Herético
Como sabes aqui comemos do mesmo entrecosto
eu,os cães e os amigos
Abraço fraterno

Manuel Veiga disse...

abraço fraterno, Eufrázio

saúde (e boa disposição) para ti, os cães e os amigos!

Emília Pinto disse...

E a vida é um rio a correr, mansamente ou feito cascata dependendo do leito; com ele corre o tempo sem se preocupar
que os peixes venham ou não à tona , sem se importar com os cães, com os homens, com a vegetação nas suas margens; indecifrável é para nós o movimento do rio, o passar do tempo, o sentido que a vida tem, uma vida que se torna tantas vezes " um osso duro de roer", até para os cães, amigo. Que o rio da tua aldeia corra sereno e com águas sempre limpidas. Um beijinho
Emilia

mz disse...

Onde o mar se confunde com o céu, escrevem poemas.

Ana Tapadas disse...

Um belíssimo poema, numa rara junção de metáforas.

Beijo meu

Agostinho disse...

Pelo meio, antes que o fôlego rebente, o ritual das galhetas cumpre-se.
Excelente poema que reluz nos olhos das águas.

ana disse...

Mar Arável,
Este para mim ainda é melhor do que o primeiro.
Gosto da quebra que impõe.
Bj. :))

Ailime disse...

Um rio de águas tranquilas e o sal que tantas vezes corroi os remos dos barcos.
Bjs
Ailime

Odete Ferreira disse...

No antes, no entretanto e no depois - antes que quebrar que torcer. Também sou fiel à tua militância poética :)
Bjo