quarta-feira, 26 de junho de 2019

AREIA POR ENTRE OS DEDOS






Descalço corri
desertos marés palavras e ventos
só para te ver
formosa duna

estavas de vigília em vão
colar de limos ao pescoço
quase vegetal nas areias

O mar já tinha invadido
os teus barcos mais restritos

a luz ardia na praia
os nossos barcos preferidos

Descalço corri
só para te ver
formosa duna

estavas a dormir silvestre
no chão das memórias
areia
tão livre de fronteiras
por entre os dedos


eufrázio filipe


domingo, 16 de junho de 2019

NA PAUTA DAS PALAVRAS






Quando reivindico um sopro de musica
para o teu andar de ancas vagaroso
sobre a nudez branca das dunas
é para despertar o sabor do vento
desfolhar os teus cabelos em partículas

um futuro quase divino
para as aves marinhas perfumarem
as clareiras solares mais íntimas deste espaço
um porto seguro para o teu corpo
jangada efémera de cristal

Quando reivindico para ti um sonho verdadeiro
brotas do chão como um pomar de faúlhas
dás de beber a todos os pequenos rituais
como se fôssemos uma lenda
em viagem sinuosa pelo tempo

És a pátria em alvorada que navego
e me desprende
o acesso intangível às brevíssimas papoilas
grão de areia esculpido com amor

mãos sedutoras
cúmplices
na pauta das palavras



eufrázio filipe

terça-feira, 11 de junho de 2019

RUBEN DE CARVALHO HONRA OS MILITANTES DA VIDA





Um Homem inteiro que honrou os militantes da vida.
Partiu mas não se vergou.
Ruben de Carvalho será sempre uma referência de valores
que não deixaremos morrer


sexta-feira, 7 de junho de 2019

O CHÃO DOS BARCOS (2)







Com pés ancorados
andamos desandamos
criamos raízes
para voar
palavras mais leves que o vôo

cúmplices de memórias
maternidade de pássaros
despontamos por sobre as águas
folha ante-folha

beijamos o chão dos barcos
num abraço de limos
e partimos
conforme as marés


eufrázio filipe

segunda-feira, 3 de junho de 2019

OS JACARANDÁS JÁ ESTAVAM A FLORIR





Sem o PAN que não é um Partido ecologista mas se prepara para estar na moda passageira, lá fomos visitar a Feira do Livro.
Eu e o mais velho Serra da Estrela de uma bela ninhada.

Para nosso espanto vedaram a entrada ao meu amigo.

Não é fácil dialogar com seguranças mas lá acordámos.
O OLI ficou com o policia por um instante e eu comprometi-me a ser breve.

Regressei com um livro que ofereci ao policia.

"Cão como nós" do Manuel Alegre.

Comovido o policia agradeceu - e nós regressámos ao alpendre - tristes sem farejar a Feira do Livro - mas os jacarandás já estavam a florir.


Eufrázio Filipe