quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
sábado, 24 de janeiro de 2015
domingo, 18 de janeiro de 2015
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
sábado, 10 de janeiro de 2015
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
sábado, 3 de janeiro de 2015
NEM TODOS OS CÃES SÃO DE BARRO
(reconstruído)
Após longos tempos na claustrofobia da cidade, por entre arestas, frinchas, esquinas e becos, decidiu arrumar tudo e partir.
Comprou um cão na berma da estrada e um punhado de terra. Construiu uma casa com vistas largas, um canil e um galinheiro. Desenhou no chão um espaço para a horta e começou a desbravar silêncios no silvestre rumor das árvores. Aprendeu a assobiar com o vento.
Levantava-se cedo para ver o nascer do sol. Dormia à tarde e levantava-se ao desnascer do dia. Trabalhava à noite ao som do jaze.
De quando em vez visitava o café do senhor Abílio para saber como plantar uma couve, que bolbos floriam em cada estação e acerca do míldio a propósito de umas videiras que medravam dispersas no terreno. Conhecia o nome dos pássaros pelo seu canto.
Nunca mais quis saber da cidade.
Um dia, após longos tempos, inconformado com o sequestro no paraíso, o Dique, que era de barro, disse-lhe:
- Pinta-me de azul, estou com saudades do mar.
- Também tu cão?
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