quarta-feira, 26 de novembro de 2008
DÉDALO DE BRUMAS
domingo, 23 de novembro de 2008
O CEGO DAS ESQUINAS
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
sábado, 15 de novembro de 2008
O APEADEIRO DA BEMPOSTA
Assim partimos - em viagem, com todo o tempo - por vales, rios e montes - mapas rasgados a despertar azinhagas e amoras silvestres.
- Um dia farei das minhas pedras preferidas - pássaros azuis.
- Pois.
Foi assim que tropeçámos numa aldeia - casas dispersas, outras geminadas, um café, uma taberna, uma mercearia, uma capela, um pelourinho e um apeadeiro de caminho de ferro. Uma aldeia linda, afagada por canaviais, chorões e o cantarolar de um riacho onde corriam águas cristalinas.
Dirigimo-nos ao "Café Moderno" que exibia um jogo de matraquilhos, seis mesas, uma máquina de tirar tabaco e um rádio antigo em voz alta.
- Como se chama a vossa aldeia?
- Bemposta. Diz a lenda que uma senhora real, muito bem vestida e triste, visitava aqui um aldeão. Vinha de charrete e depois partia, nua e sorridente. O Alexandre é que sabe explicar estas coisas. Deve estar no apeadeiro.
Fomos ao apeadeiro e encontrámos o Alexandre - um velho que se recusava a ser velho, sentado num banco, em frente à linha dos comboios.
- Velho não - idoso com muita experiência.
Um dia quiz ser músico, precisava de dinheiro e parti. A minha vida foi sempre partir e chegar.
Emigrei para uma grande quinta, sem contrato, perto de Marselha. Uma vez por ano trabalhei na apanha da maçã.
Três armazens albergavam o pessoal- portugueses, espanhois e polacos .
Os que chegavam primeiro, apanhavam camas, os outros dormiam no chão. Quase sempre chovia nos armazens. No primeiro ano rasgou-se o meu impermeável. Não foi fácil resistir, mas resisti.
Cada um tinha um "rego" com cinco quilómetros de macieiras.
Colocávamos o cesto de verga, com alsas, amarrado à cintura - subiamos e desciamos o escadote, até apanharmos 350kg por dia. Quem mais apanhava mais ganhava.
- Mas quem mandava em si?
- Eram as maçãs. Enquanto houvesse uma maçã na árvore, quem mandava era a maçã. Ouvi dizer que a liberdade não cai do céu, conquista-se no chão que pisamos, mas no meu caso, só de escadote, em cima das macieiras.
À noite cada um fazia o seu jantar e o almoço para o dia seguinte. Estoirados dormiamos à pressa.
Só tinhamos o domingo para ir no atrelado do patrão, abastecer-nos para toda a semana e divertir-nos à chegada no armazem dos polacos.
Os tipos estacionavam um volkswagen a cair de podre junto do armazem e ligavam o rádio. Uns dançavam com as mulheres que por ali andavam, outros por falta de mulheres embebedavam-se e jogavam às cartas.
- E no dia seguinte?
- No dia seguinte as maçãs geladas entravam-nos pelas mãos até aos ossos.
Um polaco que se dizia iluminado por Deus gritava todas as manhãs - " estou no topo do mundo" . Um dia caíu do escadote, partiu os dentes e deixou a religião.
Nunca consegui dinheiro suficiente para ser músico, mas fiquei para sempre com uma mulher no coração. Todos os anos nos encontrávamos e o patrão colocáva-nos sempre nos "regos" ao lado um do outro.
Nos últimos anos só partia a pensar nela - uma santa mulher, mais linda que a Bemposta. Parecia um pássaro azul.
- Pois.
Talvez por isso aqui venha todos os dias, dar corda ao relógio do apeadeiro, que ainda funciona.
A vida continua - só o comboio é que já não passa por aqui.
- Posso fazer-vos uma pergunta?
Que fazem os senhores na vida?
- Valha-nos o tempo das estações.
Andamos perdidos, senhor Alexandre.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
O DESASSOSSEGO DAS MARÉS
Emergimos das águas fundas
até a luz quase perfeita
chover nas nossas línguas
soltamos o corpo
inventamos espaços para voar
mordemos os lábios
em pleno voo
para libertar a sombra dos pássaros
e num toque fugidío
que ainda hoje espuma
caímos dos céus
com a chuva
Na verdade
hoje não queremos
salvar o mundo
apenas celebrar o desassossego
das marés
sábado, 8 de novembro de 2008
PAPIRO EDITORA - O INSÓLITO
O insólito aconteceu.
A PAPIRO EDITORA, no momento do lançamento do meu livro de poesia "Que fizeste das nossas flores"
anunciou que por acidente os livros tinham ficado na estrada.
Obviamente ninguem aplaudiu a PAPIRO EDITORA.
Apesar do insólito - agradeço a presença dos muitos amigos, ao presidente da Camara Municipal do Seixal à bibliotecária responsável pelo forum cultural,e ao professor Luiz Garcez que nos brindou na guitarra clássica. Também ao Alexandre do Fundamentalidades pelas fotos que me enviou.
Aguardo que brevemente a PAPIRO EDITORA torne disponível o meu livro .
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
domingo, 2 de novembro de 2008
O TEMPO DAS CEREJAS
A votação acontece em http://www.thebobs.com/
Se de mim dependesse otempodascerejas.blogspot.com - do Victor Dias seria o meu eleito - sem pestanejar.