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Nesta ilha
construida a pulso
rodeada de sonhos
e jangadas imperfeitas
decidimos navegar
abolir todos os destinos
agitar as águas
a noite não estava clara
mas via-se
as romãs abriam os lábios
para o mar
eufrázio filipe
Sempre quiz
dar às palavras
a leveza das cinzas
o imaginário dos pássaros
quando voo
desejos incontidos
a desbravar caminhos
no espelho das águas
o belo o pão e o sal
à flor da pele
um beijo
nos mastros mais altos da vida
eufrázio filipe
No Outono não há verdadeiras tempestades
apenas caem línguas das árvores
ao sabor do vento
folhas exauridas no chão que pisamos
No Outono canto
o ciclo desigual das marés
oculto no coração das pedras
o sol exposto
e branco dos teus cabelos
As verdadeiras tempestades
intemporais
abrem-se em flor
simplesmente para ver
um relâmpago nos teus olhos
eufrázio filipe
Na cadência das marés
sussurro esta fala
quando escrevo
conjugo insurgente
nas paredes do cais
uma festa de maresias silabadas
passo a passo
a chama inteira
para lá do azul
eufrázio filipe
Passo a passo
no desassossego das marés
inconformado
desde o primeiro grito
atravesso por um fio
a distancia que nos aproxima
trespasso
volvidos tantos mares
na presença límpida
de uma flor
este chão de náufragos
passo a passo
pétala a pétala
em pleno voo
a dardejar
há pedras que falam
por gestos
eufrázio filipe