terça-feira, 26 de novembro de 2019

LÁBIOS DE ROMÃ







Nesta ilha
construida a pulso
rodeada de sonhos
e jangadas imperfeitas
decidimos navegar
abolir todos os destinos
agitar as águas

a noite não estava clara
mas via-se

as romãs abriam os lábios
para o mar


eufrázio filipe

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

À FLOR DA PELE







Sempre quiz
dar às palavras
a leveza das cinzas
o imaginário dos pássaros
quando voo

desejos incontidos
a desbravar caminhos
no espelho das águas

o belo o pão e o sal
à flor da pele
um beijo
nos mastros mais altos da vida


eufrázio filipe


sexta-feira, 15 de novembro de 2019

INTEMPORAIS





No Outono não há verdadeiras tempestades
apenas caem línguas das árvores
ao sabor do vento
folhas exauridas no chão que pisamos

No Outono canto
o ciclo desigual das marés
oculto no coração das pedras
o sol exposto
e branco dos teus cabelos

As verdadeiras tempestades
intemporais
abrem-se em flor
simplesmente para ver
um relâmpago nos teus olhos


eufrázio filipe

domingo, 10 de novembro de 2019

A CHAMA INTEIRA







Na cadência das marés
sussurro esta fala
quando escrevo

conjugo insurgente
nas paredes do cais
uma festa de maresias silabadas

passo a passo
a chama inteira
para lá do azul


eufrázio filipe

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A DARDEJAR







Passo a passo
no desassossego das marés
inconformado
desde o primeiro grito

atravesso por um fio
a distancia que nos aproxima

trespasso
volvidos tantos mares
na presença límpida
de uma flor
este chão de náufragos

passo a passo
pétala a pétala
em pleno voo
a dardejar

há pedras que falam
por gestos



eufrázio filipe