Foi um agradável momento - um encontro de amigos - a apresentação pública do meu " para lá do azul "
na galeria Augusto Cabrita no Seixal
... ... quando um dia escrevi - " hoje acordei a fazer versos ou quase nada " sabem a que horas acordei? A deshoras.
Estavam ainda os barcos de remelas no cais e uma senhora que inventei de cabelos brancos a tricotar nos mastros mais altos
os meus melhores sonhos e outros destinos
a apontar infinitos desconhecidos
que sempre me atraíram
Essa senhora é a pátria dos meus "vagarosos instantes"
a içar velas, a partir e a chegar
um chão de espumas a marulhar silêncios partilhados
Talvez por isso, um outro dia escrevi " sopro-te e voo "
Foi quando a senhora de mim me ofereceu uma flor vermelha
para nidificarem as marés
e eu respondi
Estas são " palavras vertebradas " escritas à mão
no branco dos seus cabelos
porque a vida pode ser vivida sem poetas
mas nunca sem poesia
Após um breve silêncio pareceu-me ouvir
" Para lá do azul "
talvez ainda seja mar