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João Cutileiro
Nos mastros mais altos
respiramos sinais
de pássaros públicos
compromissos
com vírgulas nas palavras
caminhos vertebrados
que respaldam
fulgores de timbres
Nos mastros mais altos
exultam eternos
por instantes
traços de carvão
asas enxutas
respiramos
por uma nesga de sol
o fresco ar
das madrugadas
Eufrázio Filipe
Justyna Kopania
O que mais me doi
não são folhas caídas
nem palavras soltas
são as romãs
em coro
quando se abrem
a sombra que rebenta
desgrenhada
à nossa mesa
o que mais me doi
não é o Outono
é a falta de relâmpagos
nos teus olhos
Eufrázio Filipe
Efémeros nesta lucidez
de vinhedos decepados
antes que o tempo fuja
sem deixar rasto
nem pátria
inscrevo-te
numa aresta de vento
para te ver
sobre as pedras
a sonhar sonhos irrepetíveis
fecho o portão
solto os cães
mas tu ficas
vertigem de luz
a desbravar estrêlas
Eufrázio Filipe
Justyna Kopania
Com os barcos às costas
num sopro de vento
de porto em porto
a dobrar esquinas
a comer pedras sem destinos
construtores de lonjuras
irreprimíveis
para lá das taprobanas
contra torvelinhos
silvestres
a domar escarpas
ao sabor das aves
que de tão abruptas
só poisam nos mastros
Num sopro de vento
andamos por aí a desbravar
arestas ruínas tempestades
até as águas correntes
se libertarem das crinas
invadirem o chão
para desassossego das sombras
De porto em porto
até a luz se fazer dia
Eufrázio Filipe
"Presos a um sopro de vento"
No movimento
das mais profundas águas
há palavras
que se envolvem
frementes em círculo
no ouvido dos búzios
quando vêm à tona
num abraço de limos
despertam em partículas
o coração das pedras
nas paredes da casa
aprendem a escutar
os teus retratos
Eufrázio Filipe
A remoinhar
no mais íntimo da pele
tínhamos quase tudo
tão perto das mãos
que nem lhe podíamos tocar
amanhãs
e outros destinos
Só nos faltava
subir às pedras deste chão
impedir nas mansas águas
que o sonho rebentasse
onde as estrelas vicejam
sem quebrantos
Tínhamos quase tudo
até um pomar de faúlhas
para alumiar o fulgor do canto
Só nos faltava
seduzir os pássaros
EUFRÁZIO FILIPE
"Presos a um sopro de vento"
Não podemos mudar de povo mas quando o PS decidir mudar de condomínio tudo será diferente - assim - as misérias e a instabilidade social vão continuar, até às próximas urnas.
Confrange ver o país albardado.