O Véu da Noiva - Seixal da Madeira
O presidente Cavaco em visita relâmpago à tragédia nacional,
mal pisou a avenida marginal logo afirmou que pintaria a ilha
com cores de esperança.
Na Ribeira Brava ainda disse comovido que " os portugueses
apoiam os madeirenses ".
Incontido o presidente da ilha relampejou de júbilo e arrependido
agradeceu comovido ao sr. Silva.
Fustigado o povo que não faz turismo - talvez um dia desperte
da calamidade pública que tem responsáveis na natureza
humana do poder político.
Uma coisa é certa
a nossa ilha da Madeira não merecia flores
para alegria dos cemitérios. Nenhuma ilha merece sangrar
assim - o corpo de um povo que planta flores.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
QUE HEI-DE FAZER SENÃO AMAR-TE
Lá fora um manto lindo de água a cântaros
precipitou-me
para brincar com as palavras
Fixei-me no branco do papel
e não vi nada
exactamente nada
a partir do nada
Rasguei a folha
e tudo ficou mais claro
quando no espelho
um bando de sombras
regressou ao cais
Sombras vertebradas
que ao invés de flores de sal
traziam morangos ancorados nos lábios
Foi assim que te vi
no porão das memórias
Ainda não estávamos no tempo dos marnotos
nem das marinhas valentes
mas já o teu corpo se desfolhava
como se estivéssemos na safra
e eu só pudesse ocupar-me dos teus olhos
Que hei-de fazer
senão amar-te
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
A CASA É UMA MÁSCARA
Sincopada a chuva
sacudia as folhas da cerejeira
acariciava o despontar das camélias
quando pressenti que estava
no avesso do tempo que faz
Já tinha aberto as portas
mas tu entraste pela janela do vento
percorreste todos os silêncios da casa
em espirais vertiginosas
até pousares devagar
sobre a mesa do alpendre
Trazias nos olhos um sol de mãos de cheias
um certo cansaço no trinado da voz
longas maresias
Afaguei-te a plumagem
à vista dos cães
e disse baixinho para não acordares
A casa é uma máscara
todas as casas são máscaras
que assustam os pássaros
menos a ti
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
ENTARDECER
Nem o mar sabia
entardecer
numa folha de papel
esculpir em síntese
a tua nudez
Nem o mar sabia responder
a tanto azul
nem eu sabia que tardavas
mas chegavas
chegavas, chegavas
nunca mais acabavas de chegar
a tempo de plantar
uma árvore
que se desnudasse
folha a folha
Nem tu sabias senhora
neste deserto
a sede do entardecer
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