![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXzQIvmzMqiX-X7gWuSpM4B_9B-3WpOBa_NEmPeTt-zNY5W-ADURQhbl5ScPpulnxAdleJLnPaeYleZsA4P5ZSuS-IL-H5n7s9beziN2RTiPpZS4_JDJj9PyGVSZzvqSGrHMdnARLomBLx/s400/Georges+Laugee+-+A+L%27Approche+du+Grain.jpg)
Nos braços que "eternizam" este rio
procuramos o rosto do lume
que precisamos
para incendiar palavras
"ensinar-lhes"
a linguagem dos gestos
e nas flores o vinho das abelhas
Segundo as pautas do silêncio
por muito que se contemple
o ventre deste rio
seguiremos sempre o eco
longínquo e bolhoso das rãs
o coaxar dos remos
a canoa azul
mesmo nos apeadeiros da memória
até à foz
no desaguar dos rumores
Nos braços deste rio
é preciso saber escutar
o rumo do sangue
tatuado nas veias
mesmo que embriagado
de memórias e paisagens
muito mais
que esta navegação de migalhas
onde só faltamos nós
os sedimentos