
Nos braços que "eternizam" este rio
procuramos o rosto do lume
que precisamos
para incendiar palavras
"ensinar-lhes"
a linguagem dos gestos
e nas flores o vinho das abelhas
Segundo as pautas do silêncio
por muito que se contemple
o ventre deste rio
seguiremos sempre o eco
longínquo e bolhoso das rãs
o coaxar dos remos
a canoa azul
mesmo nos apeadeiros da memória
até à foz
no desaguar dos rumores
Nos braços deste rio
é preciso saber escutar
o rumo do sangue
tatuado nas veias
mesmo que embriagado
de memórias e paisagens
muito mais
que esta navegação de migalhas
onde só faltamos nós
os sedimentos