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Contra todos aos destinos
reinventas asas
no fulgor dos pássaros
poisas corpo alado
mais leve que o vôo
no chão das marés
Neste dia côncavo e luminoso
recolhemos todos os beijos disponíveis
na fenda solúvel das palavras
floriam as camélias
eufrázio filipe
Não fixes os olhos
onde desnascem pedras
e em bando se precipitam os pássaros
vem afagar os cães
o coração dos meus barcos
deixa que abrupta a chuva
em desalinho rasgue neblinas
quebre silêncios
recolhe os sons da água
e os latidos
até que se encham os cântaros
rebente de vez a indiferença
dos ranchos
vergados a decepar videiras
deixa que tudo se mova
vem amar esta terra
às mãos cheias
mesmo que a voz se deite em surdina
para mais tarde acordar
a partir do chão
deixa que abruta a chuva caia
de preferência com relâmpagos
para te incendiar
o rancho se levantar
e as videiras ganharem mais força
vem
faça sol ou chuva
antes que o Inverno acabe
eufrázio filipe
(CHÃO DE MARÉS)
Por sobre escarpas desertos e mares
lá onde nidificam sonhos
não perderam o sentido do vôo
recriadas
em vertiginosos bailados
nuas de tudo
regressaram ao alpendre
o meu palco preferido
dulcíssimas de tão breves
e a sombra se fez luz
eufrázio filipe
Neste mar longo e macio
não se apaga no cais
a nudez das pedras
a memória inteira
da velha araucária
em síntese
a noite num excesso de carícias
freme na sabedoria dos espelhos
só faltamos nós
de tão breves
os sedimentos
eufrázio filipe