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Até hoje em escassos dias 1400 civis palestinianos mortos, novas compras de armamento aos EUA, 50 mortos israelitas
mas esta imagem bestial é mais que uma guerra
Não "é linda a puta desta vida"
mas vamos continuar a plantar flores
nesta desordem de cores nos jardins
a desgrenhar o vento
a rasgar caminhos contra a orgia do sangue
para não "morrermos de sede em frente do mar"
Luís Filipe Garcez professor de musica clássica com a Ana Filipe sua filha
Quando abraçavas a guitarra
tinhas nas mãos
um sol de mãos cheias
os pássaros desciam à terra
em pleno voo
e o silêncio calava-se
para ouvir improvisos
trinados de outras vozes
dilatavas as veias
como um rio sem margens
para o sangue correr
até à fímbria do mar
mas hoje as palavras
os sons e os pássaros
não estavam intactos
faltava-lhes o teu olhar
Que o vento sopre
e o mar nos acompanhe
Inacessível vista do alto
a minha escarpa preferida
é fácil de explicar
vertiginosa sobe ao chão
num perfeito equilíbrio
assimétrico
sem mácula nem poalhas
ali fica breves infinitos
até o mar desgrenhado
vicejar
velas remos e passos
nos mastros mais altos
Hoje plantei
uma Rosa
na minha escarpa
e nada mais aconteceu
Por sobre a terra de ninguém
há rios descalços
em movimento
que se juntam e arribam
vagarosos
a fazer caminho
folheando as margens
até as pedras virem à tona
e o mar dulcíssimo
ser água de beber
Sophia
Se pudesse dar às palavras
a leveza das cinzas
no sussurro das marés
desmantelaria o Panteão
libertava os vivos
enclausurados
para ficarem mais leves
no mastro das bandeiras
tentaria devolver aos pássaros
as amplas claridades
Nos estilhaços do bairro
ainda há um espaço
quase inteiro
para cantar
à flor da pele