PREFÁCIO
O tempo luz evidências
indecifráveis nas águas mansas
liberta-se apócrifo
no "rio da minha aldeia"
quando num fôlego de guelras
peixes em cardume
vêm à tona entardecer
de olhos abertos
POSFÁCIO
Vassalos os cães
quase litúrgicos
afagam as margens
ladram vertiginosos
pelo mais precioso
que a vida lhes parece
flores de sal folheadas
nos remos e nos passos
um osso duro de roer
Eufrázio Filipe
20 comentários:
as águas são mansas, aparentemente :)
notas à margem do rio
a folhear os seus poemas
um abraço
entre a primeira página e
a última folha
um rio de esperança
a percorrer
e um osso duro de roer
nem sempre as águas são mansas... por vezes são bem violentas
e há as margens e o caminho
e o caudal
e tantos detalhes...
muito belo!
:)
O indecifrável num osso duro de roer...
Tem um bom fim de semana.
Abraço.
Será mesmo duro de roer
Entre a placidez das águas
e a vassalagem dos cães
há um longo caminho a percorrer
tão pedregoso,
como um osso duro de roer.
Um grande abraço, Poeta!
"quase litúrgicos", gostei!
entre o Prefácio e o Posfácio parece faltar a brilhante Lua para os cães ladrarem...
talvez a Lua ande por outras paragens.
mas a Lua é mentirosa e certamente irá voltar...
abraço, Poeta
Herético
Entre o prefácio e o posfácio
só não faltou o teu abraço
... e faltou a frase que não vejo publicada
"entretanto os cães entretêm-se a roer o osso"
com o abraço. sempre
Herético
Como sabes aqui comemos do mesmo entrecosto
eu,os cães e os amigos
Abraço fraterno
abraço fraterno, Eufrázio
saúde (e boa disposição) para ti, os cães e os amigos!
E a vida é um rio a correr, mansamente ou feito cascata dependendo do leito; com ele corre o tempo sem se preocupar
que os peixes venham ou não à tona , sem se importar com os cães, com os homens, com a vegetação nas suas margens; indecifrável é para nós o movimento do rio, o passar do tempo, o sentido que a vida tem, uma vida que se torna tantas vezes " um osso duro de roer", até para os cães, amigo. Que o rio da tua aldeia corra sereno e com águas sempre limpidas. Um beijinho
Emilia
Onde o mar se confunde com o céu, escrevem poemas.
Um belíssimo poema, numa rara junção de metáforas.
Beijo meu
Pelo meio, antes que o fôlego rebente, o ritual das galhetas cumpre-se.
Excelente poema que reluz nos olhos das águas.
Mar Arável,
Este para mim ainda é melhor do que o primeiro.
Gosto da quebra que impõe.
Bj. :))
Um rio de águas tranquilas e o sal que tantas vezes corroi os remos dos barcos.
Bjs
Ailime
No antes, no entretanto e no depois - antes que quebrar que torcer. Também sou fiel à tua militância poética :)
Bjo
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