Um dia disse
Hoje não quero salvar o mundo
só ajudar
e tu ficaste triste
Agora quando a noite raia
no restolho das palavras
um pássaro rubro
deixa nos teus lábios
um lampejo que se alumia
uma nesga de luz
um rio inclinado para a foz
onde todos os azuis convergem
para afagares a minha barba
cor da espuma
Agora que as pontes se deitam
por sobre as águas
para não as magoar
agora sim
vamos salvar o mundo
soletrar grão a grão o fio de areia
coado na ampulheta
movimentar barcos de pedra
com vida por dentro