Não sei quem és
mas pelos gestos vieste por bem
rasgar o vento com as mãos
a neve dos meus cabelos
e eu cansado de florestas apócrifas
das palavras em bando
comecei a plantar árvores
vi os pássaros regressarem em acordes
à luz das noites que não dormem
Na partilha de horizontes
o amor é revolucionário
voa ousa nos mastros mais altos
garatuja búzios de sons
intervem por causas
muito para lá das utopias
e se levanta resiste
ao pôr do sol
mesmo que os barcos entristecidos
estilhacem nos espelhos da água
algumas pedras com vida por dentro
Registo por um instante
o ar que nos move
pinto com a boca
uma flor vermelha
nas paredes do cais