quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
sábado, 24 de janeiro de 2009
UM HINO ÁS TEMPESTADES
Na tremulina deste mar
que não se consente agrilhoado
mesmo que seja breve o azul
no perfume das águas
mesmo que o cíclico pássaro
de plenas asas
adocique o bando
não te vejo a abandonar a luz
clara silvestre dos relâmpagos
O ar que respiras
pelas narinas do vento
continua a movimentar-se
agita as dunas
grita nas falésias
contra a absolvição dos destinos
Submerso no chão das maresias
um dia virás à tona
só para tanger um hino
à ternura das tempestades
mas o brilho dos teus olhos
de tão órfãos
ainda terão uma pedra
para atirar às estrelas
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
OBAMA BIBLICO POIS CLARO
Por aqui chove, faz frio e o sol tímido espreita por nesgas.
Enquanto reproduzo o vídeo que a minha confrade Gabriela, amavelmente me recordou - interrompo o tempo
para assistir ao grande momento.
No relativo de todas as verdades - também Vinicius
de Moraes se considerou o branco mais negro do Brasil.
Obama que deixou de ser Hussain passou a ser o negro
mais branco dos E.U.A. - e eu vulgo mortal, gosto da minha pele e respeito a pele dos outros - não me apetece mudar, pelo simples facto de não me rever nas raças humanas mas tão só nas pessoas de todas as cores, credos e géneros.
Entretanto Obama já alertou o mundo para o facto
de estarem a colocar a fasquia alta, por excesso, quanto à sua prestação.
Este facto constitui uma diferença - pois na verdade não
existem homens providenciais e até Darwin, um revolucionário do seu tempo, rejeitou o sobrenatural.
Uma coisa parece evidente - na Palestina os objectivos foram cumpridos com 1400 mortos - precisamente até
à vespera da tomada de posse, com sentidas referencias
à tradição bíblica.
Vinicius - sempre
Obama - pois claro
Por aqui - nem a chuva, nem o frio, nem o sol, prometeram parar.
Enquanto reproduzo o vídeo que a minha confrade Gabriela, amavelmente me recordou - interrompo o tempo
para assistir ao grande momento.
No relativo de todas as verdades - também Vinicius
de Moraes se considerou o branco mais negro do Brasil.
Obama que deixou de ser Hussain passou a ser o negro
mais branco dos E.U.A. - e eu vulgo mortal, gosto da minha pele e respeito a pele dos outros - não me apetece mudar, pelo simples facto de não me rever nas raças humanas mas tão só nas pessoas de todas as cores, credos e géneros.
Entretanto Obama já alertou o mundo para o facto
de estarem a colocar a fasquia alta, por excesso, quanto à sua prestação.
Este facto constitui uma diferença - pois na verdade não
existem homens providenciais e até Darwin, um revolucionário do seu tempo, rejeitou o sobrenatural.
Uma coisa parece evidente - na Palestina os objectivos foram cumpridos com 1400 mortos - precisamente até
à vespera da tomada de posse, com sentidas referencias
à tradição bíblica.
Vinicius - sempre
Obama - pois claro
Por aqui - nem a chuva, nem o frio, nem o sol, prometeram parar.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
NO CAIS A DARDEJAR
Na memória das areias
as aves marinhas
alimentam os nossos passos
No ar que se respira
uma minúcia
de chuva primitiva
esculpe persistente
gota a gota
a sombra das pedras
Meu amor
que faremos das palavras
aqui tão longe
Levantadas as âncoras
partimos sem limites
no risco que os barcos
deixaram à tona da água
Em floração ficaram intactos
alguns mastros a dardejar
no cais
rente à nossa janela
domingo, 11 de janeiro de 2009
UM CONCERTO DE PÁSSAROS
Picasso - rapaz a guardar cavalo
Uma saraivada de granizo caía abrupto nas nossas vidas, queimava-nos a alma até aos ossos. Nunca mais chovia água de beber.
Lânguidos os rios mal desaguavam de tanto frio e solidão. O mar vadiava nas frinchas das falésias e os barcos ancorados, aguardavam nos mastros outros ventos.
Foi então que os galos cantaram. Mais cedo. Inutilmente pois ninguém dormia.
Havia uma certa efervescência no ar. Um respirar ofegante.
Nas ruas - as esquinas dos prédios voaram - para os cegos abrirem os olhos. Nas árvores - o Inverno colaborava. Nem uma folha para esconder o arrepio dos pássaros. Nem um piar. Nem um sussurro no mar.
Inesperadamente uma criança atravessou a rua.
Aquartelados os lobos uivaram. Alguém disparou.
Os galos cantaram de novo. Inutilmente pois ninguém dormia. No ar - farrapos de uma certa neblina. Nas ruas - as esquinas dos prédios permaneciam despovoadas de cegos. Os rios despertavam e o mar dava um sinal de chamada.
O vento amainou para um afago de velas e os barcos partiram para a faina.
O Inverno - por cima dos escombros - convocou-nos para um concerto ao ar livre. As folhas rebentaram nas árvores.
Uma criança, renascida das cinzas, desafiou o uivo dos lobos - começou a cantar com os pássaros.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
NO BICO DAS ESTRELAS
Parecem-me estrangeiros
todos os barcos
que caminham
na tua rua de seixos
escombros e frinchas de costelas
até os olhos que passam
a arder nas velas
deste mar
Todos me parecem estrangeiros
menos tu menino
com uma pedra na mão
a projetar-se no bico das estrelas
Parece-me estrangeira
a tua rua acidental
calçada de velho
quase um vaso de barro
onde à noite vêm mijar
cães vadios
Menos tu menino
que respiras por guelras
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
ARDEM AS VELAS DESTE MAR
Todas as guerras são lamentáveis - mas quando os invasores exibem uma desporporção bélica relativamente aos invadidos - a injustiça e a cobardia
assumem um descontrole colossal, mesmo perante
o genocídio de inocentes.
Israel com o pretexto de destruir o Hamas, quer dizimar os palestinos como a América fez aos índios.
Entretanto Obama (a esperança universal) parece
querer tudo "resolvido" até ao dia da sua posse, e o Bush pai anunciou agora que o seu segundo filho seria um bom presidente.
A Europa desunida faz comunicados,reza e subsidia a remoção dos escombros - e assim ardem as velas
deste mar.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Á CONQUISTA DO IMPOSSÍVEL
MAGRITTE- 1928
Anoitecidos madrugámos
timbres de outros mares
Aparentemente enxutos
de tempestades
mãos enclavinhadas
por sobre a mesa
e o olhar lúcido
numa migalha de pão
comida por um pássaro
colhemos o aroma do silêncio
e em voz baixa
participámos clandestinos
no rebentar prematuro
das camélias
Eternos partimos
à conquista do impossível
até a chuva desvendar
todos os segredos da água
para que tudo aconteça
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