
Porque a vida não é só poesia
e milhares de portugueses quando se sentam
à mesa não comem metáforas com palavras
indizíveis,é preciso acordar o chão que pisamos
enquanto os pássaros aparentemente livres
sonham e o mar cumpre o seu destino.
Tudo isto porque no parlamento nacional
o governo - uma vez mais - se regosijou
com números e percentagens que abrilhantou
a seu modo,em contraste com o país real
que os olhos veem.
Um dos números engalanados com o sorriso
dos mandantes é o da baixa do desemprego.
O que os olhos veem são 427 mil desempregados
e a falácia dos números do governo
que não considerou o aumento da emigração
nacional,os falsos recibos verdes,o trabalho
precário que só nos últimos três meses subiu 11%.
Os números do governo não consideram
os 75 mil novos desempregados,classificados
segundo o INE como inactivos.
Tenta a maioria esmagadora adocicar a crise
profunda e generalizada com migalhas.
Promissor é o grito do cego a quem Sócrates
deu uma esmola.
- Só isto? Ceguinho é o cão.