Imaculada a noite
que nunca dorme
no sossego da preia-mar
Talvez por isso
te veja à tona
arredondada no manto do leito
com um andar baloiço
quase ninfa
púrpura
navio
rio acima a despontar faúlhas
Imaculada a noite
que não dorme
nesta branda tempestade
transporta no teu corpo
um sinal
de cores lúcidas
sedento de madrugadas
Estou a ver-te
asa flamejante
a rasgar um clarão de azuis
sonhos e amanhãs
a entrar efémera no poema
rio acima
dissonante
Meu amor
minha noite de alvoradas
como é bom caminhar
na água
pelos nossos pés