
Chegámos a este ponto . , - a este rio,a este riso com duas margens,
a esta floresta de silencios impenetráveis para os olhos,a este palco de palavras,
sonos e sonhos.
O dia é aqui o que menos importa,por isso digo apenas - chove como
um rio nas bocas abertas,nos olhos molhados.
As pessoas no subúrbio,correm,passam,trespassam,desandam de si,
consigo e do tempo que faz.
Chegámos a este ponto ., - a este rio com duas margens e uma ponte.
Aponte.A ponte.
Debruçadas - as pessoas - todas a olhar,apenas a olhar,no espelho do rio,
este riso com duas margens - só para se verem projetadas no insólito,
só para verem - gravatas tristes no tronco cinzento dos eucaliptos.
- É urgente acordar.
- Acordámos?
- Que dia é hoje?
- Pára-me esse motor,já me basta o ritmo das estações,o resto das unhas
roídas,espalhadas na mesa - e o empregado à espera - à espera porquê? -
de uma nesga de sol que lhe afague a bandeja de migalhas.
- Mas esta lágrima é sua ou fui eu que a inventei?
- Cinco euros para te retirares.
- E a lágrima?
- Paguei para te calares.
-Estava no chão,senhora.
- Morre,eu paguei.
CAI O PANO
NÃO EXISTE PANO
O TEMPO PASSA