terça-feira, 10 de maio de 2016

MAR





Respiramos fundo
pelas narinas do vento
em todos os póros das palavras

esculpimos garatujas
num grão de areia
vestígios submersos
no movimento do rio

pequenos nadas
afagados pelas águas que passam

Resgatamos a pulso
por muito que doa às pedras
uma janela aberta

a síntese exposta
da nudez


Eufrázio Filipe
 

21 comentários:

MS disse...

Perdoa, poeta, mas começo pela fotografia. Linda! Que inspiração para teu poema!

Agrada-me a ideia de 'resgatar a pulso (...) uma janela aberta'.

Laura Ferreira disse...

que bela imagem :)

Sara com Cafe disse...

adoro o amor. sou até meio boba para falar. abraço profundo.

Janita disse...

O Mar aqui bem representado em imagem e palavras!
Será que este também é Arável??

Só pode!! :)

Beijinhos

Helena disse...

Uma imagem que parece um rasgo doído, permitido apenas para que a nesga de um rio pudesse mostrar que está bem protegido...
Um poema a dizer dos esforços para se expor uma nudez que, por certo, não se queria mostrada...
Tudo, tão bem composto, para a nossa admiração!

Andrea Liette disse...

Se até mesmo as pedras oferecem a passagem para revelar a síntese dos nossos pequenos nadas... Abraços.

Maria Eu disse...

Haja sempre uma janela, ainda que resgatada a pulso e com dor.

Beijos, MA :)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

a nudez das palavras com sabor a mar.
a imagem muito bem escolhida e em completa sintonia.
um beijo
:)

Manuel Veiga disse...

eloquentes "pequenos nada" os que resgatam a nudez das palavras...

belo, meu caro Poeta

abraço amigo

Odete Ferreira disse...

Todos vivemos de pequenos nadas. Contudo, serão grandes e únicos quando, como tu no poema, fazes deles belas esculturas...
Bjo, amigo :)

Emília Pinto disse...

A nossa vida é como um mar, com marés ora altas ora baixas, onde a qualquer custo tentamos evitar que os " pequenos nadas " que fazem parte de nós e aos quais damos valor sejam arrastados por uma onda gigante, daquelas que de quando em vez aparecem. E neste balanço do mar lá seguimos nós tentando equilibrar o barco, " respirando fundo" e pedindo para que ele se aguente até ao próximo porto. Nunca sabemos se chegaremos lá! Amigo, um beijinho e um bom fim de semana.
Emilia

Cadinho RoCo disse...

Ao despir da inspiração eis que surge o desejo.
Cadinho RoCo

Ailime disse...

A janela da poesia e da luz (do amor) a emergir do rio azul.
Beijinhos,
Ailime

Zé Povinho disse...

O mar sempre foi uma inspiração para os portugueses...
Abraço do Zé

Ana Tapadas disse...

Resgataremos a pulso, sim!

Belo poema e forte mensagem.

Beijinho

Agostinho disse...

A gota exposta através da muralha-de-todos-os-dias é a maravilha que se vê
Num mar sempre aravel a sublimação poética acontece.
Abraço.

Graça Pires disse...

A vida é um grande mar que se entretém a juntar pedras distantes...
Mais um excelente poema, meu amigo.

Armando Sena disse...

Seremos luz na senda do desejo.
ab

Ana Tapadas disse...

Tenho saudades do mar...obrigada Poeta!

Beijo

ana disse...

Houve uma mudança na sua poesia. Gosto mais desta sua veia.
Tem mais a ver comigo. Não sei explicar melhor do que isto.
Parabéns.:))

manuela baptista disse...

dói menos se as pedras foram da praia, arredondadas