terça-feira, 22 de setembro de 2015

O PÃO QUE LEVAMOS AOS LÁBIOS





Doem-me todos os muros
onde as silvas
se enleiam
mesmo que sejam
castelos
sibilinos nas ameias

Doem-me todos os muros
o mar inteiro
ancorado no cais
mesmo que benzidas as pedras
à revelia dos pássaros

Doi-me tudo no Outono
menos as romãs
a despontarem vermelhas
passo a passo

o pão que levamos aos lábios


Eufrázio Filipe
 

23 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

abençoadas romãs

e o pão que levamos aos lábios

Lee disse...

lindo o poema.

OceanoAzul.Sonhos disse...

Doi-nos tudo, menos as coisas simples, verdadeiras e eternas

vida entre margens disse...

O mar, as pedras, as romãs...
Os silêncios nas entrelinhas de um "mar arável"...

Bonito pois!

Abraço Poeta

addiragram disse...

Os muros só podem, mesmo, doer.

manuela baptista disse...

menos, mais, as romãs da cor do sangue como os lábios


um abraço

Agostinho disse...

Se as romãs despontam
a cada instante, o vermelho
saltará abundante nas veias
derrubando o muro velho

Arco-Íris de Frida disse...

As romãs nos salvam...

Helena disse...

Cada pedaço desse pão a nos dizer de interiores só descobertos na beleza da cor e doçura dos grãos da romã que deixamos a derreter na alma...
Beijos e carinho nessa tarde ensolarada com os pedaços de todos nós,
Helena

Suzete Brainer disse...

O mistério libertador das romãs
passo a passo
(re)colhendo sonhos...
O poema voando na amplitude (sem muros)!
A tua bela poética é muito inspiradora,
Poeta (mestre) das metáforas!
Bjs.

Imprópriaparaconsumo disse...

Gosto do outono e gosto do vermelho dos lábios
:)

deep disse...

Dói o Outono, pelo menos no início. :)

Bonito poema. Bj

luis lourenço disse...


Poeta-as romãs são tão deliciosas...-se estiverem maduras. Por elas se podem derrubar os muros que o tempo na sua força erosiva também há-de derrubar. Nada nem ninguém escapa à morte-nem os muros...Como costuma dizer-Tudo se move. Abraço.

mz disse...

No primeiro dia de outono temos romãs.
Bagos vermelhos a colorir palavras de um poema de dores em cores, frias e pálidas de pedra.

"...à revelia dos pássaros..."

anamar disse...

Elas, as romãs, já saltam na minha mesa, a de "jantar".

Abracinho

SOL da Esteva disse...

Outono bom para quem adora romãs.


Abraço
SOL

Graça Pires disse...

"Doi-me tudo no Outono
menos as romãs
a despontarem vermelhas
passo a passo"
Que mais acrescentar, amigo?
Um beijo.

Manuel Veiga disse...

grão a grão as romãs, como bálsamo.
a colorir de vermelho os dias outonais...

que as romãs te sejam pródigas.

forte abraço, meu caro Poeta

Fá menor disse...

Há tantas dores que tomamos nossas...

Janita disse...

Há alturas na vida em que nos dói tudo, Poeta!

Que a fertilidade das romãs seja o bálsamo para o pão que nos sustenta o sorriso lindo e vermelho, feito de um folha recortada na forja outonal.

Um abraço, benzido com a aquiescência dos pássaros!

Ailime disse...

Magnífico poema!
"Os muros onde as silvas se enleiam " a rasgar sonhos, a travar a esperança.
Pelo menos que as romãs continuem a despontar, vermelhas.
Beijinhos e boa semana.
Ailime

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

que nunca doam as romãs

e que nunca mude a sua cor

muito belo!

boa semana.

beijo

:)

Odete Ferreira disse...

Fiquei a matutar no poder das romãs!
Dizer que gostei? É tão pouco!
Bjo, Mar :)