Os cães choravam em silêncio
e eu não sabia porquê
pensei no pobre limoeiro a afundar-se
lá onde nidificam toupeiras
ao entardecer
na estrela persistente
que viceja à noite no portão
nos olhos claros de um certo azul
que ilumina a casa
no desfolhar ensombrecido
das roseiras
vasculhei tudo
invadi searas proibidas
até ao mais íntimo da pele
pó sombras sonhos bibliotecas
perguntei-te
quando desaguas?
e tu desaguaste à janela
a marejar entristecida
e eu não sabia porquê
foi quando os cães se levantaram
para soltar os pássaros
Eufrázio Filipe
"Chão de claridades" colectânea 2008/2012
Editora Lua de Marfim
19 comentários:
Lindo =)
Feliz dia do Poeta
Beijo. Bom fim de semana.
Às vezes, precisamos de gritar e libertarmo-nos da dor...
Bom fim de semana....
Beijos e abraços
Marta
Chorar alivia o coração das suas mágoas.
Muitas vezes não se sabe bem porquê. Talvez
um acumular de coisas que num qualquer
momento faz rebentar o dique das emoções.
Abraço.
Olinda
reabri os comentários
espero-te no meu "planalto"
abraço
Há que soltar os pássaros sim!
a linguagem dos sentidos...
belo poema.
abraço
Multiplicidade de leituras...
Há que soltar a liberdade dos pássaros que vive em nós, Poeta!
Não esperar que sejam os cães a dar-lhes liberdade.
"Como eles, somos livres...somos livres de voar"
Que o voo seja bem alto e definitivo...
Beijo.
Lindo.
Há dores que libertam.
Viva a liberdade.
Um poema tão bem dedilhado, só poderia servir de parapeito ao voo. Bj.
Magnífico poema! Os pássaros livres vão reinventar a íntima peregrinação da luz no olhar do poeta.
Uma boa semana.
Um beijo.
Belissimo poema.
Um abraço
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Lindo poema!
E quando se soltam os pássaros respira-se liberdade.
Beijinhos,
Ailime
Caro Eufrázio Filipe gostei de seu poema. Um poema singular, no meu entender. Parabéns.
Um abraço.
Pedro
De cortar a respiração, Eufrázio.
Razão têm os cães que choram no labirinto perdidos, sem memória.
- Onde pára o fio das águas
que amarra as asas aos pássaros?
Perguntem ao Poeta que sabe de roseiras e estrelas.
Abraço
Soltar pássaros... soltar a imaginação.
Lindo!
Abraço.
há sempre um momento de soltar os pássaros
para que as mágoas se misturem com o vento e as lágrimas desbaguem no oceano
é urgente o momento...
;)
"e tu desaguaste à janela
a marejar entristecida
e eu não sabia porquê"
É a raridade dos ombros em que se pode transbordar mesmo sem saber/dizer/pensar porquê que os torna tão preciosos.
Maravilhoso!
Bj
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