Nas margens do rio
onde habito
respiram pautas desertos
retratos íntimos de flores
a preto e branco
repousam mãos famintas
Nas margens deste rio
quando a noite amanhecida
não dorme
ouvem-se pêndulos vagares
cadenciados
agitam-se os dedos
o tempo ousado dos poetas
que não eu
artesão de metáforas
No fulgor das águas
desprendo-me
a profanar metáforas
para ver mais claro
o teu corpo antigo
baloiçar nas paredes da casa
Eufrázio Filipe
"Chão de claridades" editora Lua de Marfim
22 comentários:
E devemos ser sempre ousados... nas memórias... no tempo... no poema que escrevemos...
Gostei muito...
Beijos e abraços
Marta
que bonitas as margens deste rio :)
O teu ousar é legítimo e certeiro.
Basta começar pelo fim e contemplar
qual animatógrafo o belo baloiçar
projectado na parede da casa.
Abraço CT
...e já agora
a página 242
podes?
Um corpo que é inevitavelmente poético.
E acontece poesia, quando as margens do rio, extravasam a memória do poeta.
Abraço
Artesão, dizes-te...mas é mestre!
Bjs
O ousar do poeta
provoca poesias lindas e intensas.
Beijos
do imaginário do poeta, passa um 'filme' de sombras, num rio de emoções.
Gostei
abraço
o poeta ousa
e com as mãos famintas
e o olhar ausente
o poeta nunca dorme
mesmo que habite nas margens do rio
ou do mar
;)
da tua mente saem belos poemas como este aqui.
adorei, Mar.
:)
beijo
E eu profanei este poema na minha mente :)
Abraço
Belíssimo poema
Bjgrande do Lago
Belo poema de palavras límpidas e ondulantes.
Abraço meu irmão poeta
Mar Aravel, uma bela metafora de Eufrazio Felipe.
São sempre belas as suas metáforas.
Bjs
É muito bom quando a mente ousa
aplicar metáforas e fazê-las
interrogar-nos.
Um abraço amigo.
Irene Alves
Um habitáculo sujeito ao fulgor das águas. Gostei do artesanato.
Beijo.
E que bem as esculpes, Filipe! Depois, é só colocá-las nos teus lugares de culto.
E, mesmo que não haja assinatura, sei de quem são.
Bjo, amigo :)
É lindo!
Beijinhos
Um rio repleto de excelente poesia.
Beijinhos,
Ailime
Gostei deste galgar de margens...:)
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