domingo, 7 de junho de 2015

BREVE SEARA




Quando na limpidez dos silêncios
esculpida no espaço
dançaste em pontas
num palco de areias
por sobre as videiras
mais leve que o vento
eterna por um instante
despida de tudo
neste mar de terra arada
eu já tinha a tua sombra
projectada num lençol de linho
só me faltava a luz em arco
construir pontes
para não ferir as águas
eu já tinha a tua sombra
quando em silêncio
as escarpas vindimadas
te colheram em pleno voo
livre
musical
num sonho de mãos inteiras
flores azuis e uvas maduras
nas paredes da casa
onde se deitam os meus olhos
só faltas tu imensa
breve seara

Eufrázio Filipe

23 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

"não ferir as águas"
"sonho de mãos inteiras"

Podia, se soubesse, ser um poema meu

O resto, é tão grande e belo que nem me aventuro...

ana disse...

Só lhe faço uma crítica positiva, é uma pena não legendar as imagens que tem escolhido.
Venho propor um desafio: um soneto porque não?
Bom dia. :))

Delfim Peixoto disse...

Belo! Parabéns.
Abraço

jrd disse...

Belíssimo.
O vinho, o pão e a Poesia.

Abraço fraterno Poeta

Palavras soltas disse...

Construir pontes...

Tão lindo!

Mar Arável disse...

ANA
Estou a ficar velho para sonetos

lis disse...

As metáforas bebem da realidade e sublimam o seu poema ;
_ 'não ferir as águas' é uma esperança necessária.
abraço

Lilá(s) disse...

Que dizer? Muito bom poema!
Bjs

deep disse...

Belíssimo.

Bom feriado. :)

Ailime disse...

Magnífica seara ondeando em palavras muito belas.
Bjs
Ailime

Manuel Veiga disse...

as searas mais fecundas são assim - esquivas e raras!

belo poema. meu caro Poeta

abraço fraterno

Sinval Santos da Silveira disse...

Olá, "Mar Aravel" !
Não me atreveria adicionar nada, além
de cumprimenta-lo pelo belíssimo poema.
Parabéns. Um fraterno abraço, aqui do
Brasil.
Sinval.

Agostinho disse...

É importante não ferir.
É impotante construir pontes
É importante crescer pão e vinho
Mais importante é a imagem
nas águas claras reflectida
O corpo do poema chama

trepadeira disse...

Há-de chegar, pelo silêncio da noite no grito da rua.

Abraço,

mário

manuela baptista disse...

sente-se a falta

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

construir pontes
para não ferir as lágrimas
que caem no mar

eu ia jurar que já li este há mais tempo.

mas, é possível que de tanto ler-te penso que já li sem ler.

às vezes ando por aqui perdida nas escarpas das palavras semeadas...

beijo

:)

Mar Arável disse...

PIEDADE

Tudo se move
até as palavras sem idade
Bj

Majo disse...

~~~
~~ Magnífico poema, Amigo.

~~~~ Beijo ~~~~~~~~~~~
~

Maria Rodrigues disse...

Uma falta muito sentida.
Belíssimo poema.
Beijinhos
Maria

Sónia M. disse...

"num sonho de mãos inteiras"

Muito belo!

Bom domingo. Beijo.

Odete Ferreira disse...

Há poemas que "poemizam" a minha mente.
Este é um deles.
Bjo, Filipe :)

Suzete Brainer disse...

Fiquei encantada.Adorei percorrer (os meus olhos) por este
poema único na sua magnitude poética.
Guardando-o silenciosamente na alma...
Bj.

Unknown disse...

Olá, Filipe.
Soltar amarras e nos deixarmos embalar na sedução deste poema.
"mais leve que o vento
eterna por um instante
despida de tudo
neste mar de terra arada
eu já tinha a tua sombra
projectada num lençol de linho" - ah, seara, seara!
Belíssimo.

abç amg