sexta-feira, 8 de maio de 2015

POR ONDE CORRE O MEU RIO






Na mais dura pedra
navegam sargaços de cristal
água possuída de viagens
que o sol lambe

na mais dura pedra
um barco com gestos a dardejar
desperta
como no princípio da fala

matéria cinzelada
sinal infatigável de vida
que nos trespassa de claridades

uma fenda esparsa
por onde corre o meu rio

 Eufrázio Filipe


 

18 comentários:

Agostinho disse...

É da matéria trabalhada que a obra surge para espantar-nos com a renovação do belo. É com este poema que o rio-poeta alarga, inunda e fecunda as margens, com a nata que dá vida.

Perfeito!

jrd disse...

Na dureza da pedra a erosão das tuas palavras liquidas, abre passagem ao rio do poema.
Abraço fraterno

Olinda Melo disse...


Uma passagem estreita que retempera as emoções e os sentires da alma.Lembra viagens em mares alterosos de rumos tracejados de suor e lágrimas.

Belo poema, caro Eufrázio.

Abraço

Olinda

Magia da Inês disse...

╰✿づ

Puro lirismo!...

Bom fim de semana!
Beijinhos.

╰╮✿
✿✿ه° ·.

George Sand disse...

A pedra é sempre moldável, mais não seja na palavra.

Manuel Veiga disse...

poema luminoso - como fagulha de fogo por cima da água.

lampejo de génio!

abraço, Poeta

Suzete Brainer disse...

Um rio que flui refletido de
poesia,inspirado e inspirando
claridades...

Belíssimo!!
Bj.

Imprópriaparaconsumo disse...

A água abre fissuras nas pedras mais duras :)

Majo disse...

~ ~
~~ Um rio forte e valoroso
~~ que na mais dura pedra
~~ construiu o seu estilo
~~ de liberdade do verbo e
~~ de criatividade poética.

~~~~~ Beijo.~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~

Cadinho RoCo disse...

Na fenda a vida denuncia nascente.
Cadinho RoCo

Andrea Liette disse...

Eu já estava vivida quando vi pela primeira vez um "olho d'água". Era uma nascente numa reserva indígena. O xamã que nos guiava ensinava como protegê_la. Era uma pequena fenda, viva e borbulhante. Havia uma energia poética e fecunda num raio de mais de um quilômetro de área. Dali, quem sabe se emergirá um rio para os poetas navegantes? Eu não pude esquecer a natureza daquela nascente ! Lindo poema. Um beijo.

Graça Pires disse...

Na mais dura pedra surgiu a fenda do poema como um rio...
Muito bom!
Beijo, amigo.

Janita disse...

E por entre fendas, correm rios de mágoas!

Um abraço, Poeta!

Maria Eu disse...

Por mais estreito que seja o leito, o rio resiste.

Beijos, MA. :)

SOL da Esteva disse...

Teu rio corre, no fundo,
Entre fragas e montanhas.
É um fio, neste mundo,
Modelado das entranhas.



Abraços


SOL

ana disse...

Gostei mais deste poema. Talvez seja da musicalidade.:))

Unknown disse...

Na mais dura pedra a vida!
A beleza dum poema a partir duma fenda na pedra...

abç amg

Odete Ferreira disse...

Um rio: vida
As pedras: as do caminho da vida
Um barco: as viagens de vida
E neste excelente poema nasce vida, como um rio...
Bjo, Filipe :)