sábado, 1 de março de 2014

OLHOS REMOÇADOS



                                                    publicado no "Chão de Claridades"
                                                



No tempo em que crescíamos
a noite bramava tão parda
que nem parecia noite

de súbito um frémito de luz
pestanejou nos mastros do cais

o mar restolhou

e eu vi claramente
os teus olhos remoçados
alumiarem as águas

Após tantos relâmpagos vividos
julgavas estar preparada
para voar

mas os pássaros ainda aprendiam
a ter asas



 

33 comentários:

Laura Santos disse...

Se os olhos alumiavam as águas decerto estaria preparada para voar.
xx

oasis dossonhos disse...

a escolha dos vocábulos, o ritmo, a beleza, sempre presentes, nesta poesia que é privilégio e dádiva. Bem hajas, Camarada Poeta!

Arco-Íris de Frida disse...

Nem o brilho dos relampagos vividos, conseguiram iluminar meus caminhos...

Lídia Borges disse...


Imaturidades líricas para descidas rasantes sobre o mais que imperfeito voo.

Um beijo

jrd disse...

Quando ensinares os pássaros a voar, a tua musa há-de apontar-lhes o horizonte onde tem os olhos.

Abraço Irmão Poeta

Maria Rodrigues disse...

Por muito que pensemos estar preparados nem sempre conseguimos levantar voo.
Belissimo poema.
Beijinhos
Maria

Lilá(s) disse...

Poema tão belo e acompanhado
por uma imagem perfeita!
Bjs

Janita disse...

As dores do crescimento por vezes são enganadoras e quando pensamos que já podemos voar, algo nos diz que ainda não é chegada a hora, apesar de termos atravessado inúmeras intempéries.
Só se remoça o olhar quando ele não é mais moço.
Gosto de descodificar os seus poemas, ainda que fique sempre na dúvida.
É assim como um repto, que me dá muito prazer.
Chegar aqui e dizer-lhe é bonito, gostei, seria mais fácil e cómodo, mas deixar-me-ia insatisfeita. Desta forma, fico na dúvida se a insatisfação ficará consigo.
É um risco que corro.

Um abraço.

manuela baptista disse...

não paramos de crescer, é uma espécie de restolho

uma aprendizagem de voos

vida entre margens disse...

Há sempre um momento certo para tudo!!
Escusado será dizer, que amei o poema!!!

Beijinho!!!

Manuel Veiga disse...

que os relâmpagos explodam - e a asas se façam voo...

belíssimo, meu caro Poeta.

forte abraço

Suzete Brainer disse...

O tempo(as esperas) menos

importa na jornada do voo,

o voo em si é sempre uma

beleza libertadora,

a pousar no "chão de

claridades"...

Bj.

Sónia M. disse...

Mesmo que os olhos já alumiem as águas, tudo tem um tempo certo...

É sempre um prazer lê-lo.
Beijo

Graça Pires disse...

Admirável poema! Um voo no olhar...
Beijos.

Justine disse...

Vamos aprendendo, a vida toda...e às vezes conseguimos levantar voo!

GL disse...

Apenas um fogacho, mas o suficiente para queimar as frágeis asas.

Abraço.

lis disse...

E crescemos a cada emoção de um toque ou a cada mergulho,
_um _levantar de asas é esperança de um possível voo.Ou um salto no escuro!
abraço Eufrázio

Marta Vinhais disse...

Estamos sempre a aprender a voar...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Laços e Rendas de Nós disse...


Nem "todos os relâmpagos vividos" nos preparam para um novo voo... talvez porque estes sejam sempre diferentes e nos acompanhem mesmo que queiramos ter/viver os "olhos remoçados".

Beijinho

ana disse...

Será que agora aprendem?
Eles bem tentam cortar as asas...

Fê blue bird disse...

Estamos toda a vida a aprender a voar.
Belíssimo este seu poema.

beijinho

JANE GATTI disse...

Seremos sempre pássaros, julgando estar preparados? Esquecemos de aprender a ter asas? Abraços.

Olinda Melo disse...


Aqui, neste 'Chão de Claridades', tudo tem vida, tudo se anima, num relampejo, num pestanejo de olhos. E, assim também, as asas crescerão.

Abraço

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

seria apenas,
um voo anunciado,
que mesmo as asas dos pássaros,
precisam de crescer

:)

Maria Eu disse...

Nem sempre estamos preparados para voar... Às vezes, temos que fechar os olhos e iluminar de fora para dentro, antes de o fazer de dentro para fora.

Beijinhos Marianos, MA! :)

Ailime disse...

Belíssimo! Apesar da luz voos imaturos outrora improváveis. Bj Ailime

Anónimo disse...

Imenso.

Beijo.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Poeta

Nem sempre as asas estão preparadas para voar.
Como sempre...sem palavras para comentar o BELO.

Um beijinho com carinho
Sonhadora

Maria do Sol disse...

Só invejo uma coisa neste mundo: as asas dos pássaros que podem voar....

Ana Tapadas disse...

De uma grande beleza!

bjs

Teresa Almeida disse...

No teu poema os olhos ficam remoçados ao serem atingidos por raios inusitados.
Que bem!

A. disse...

Há sempre um lampejo que renasce do cansaço, dos anos e da memória!... Haja luz nos nossos olhos para ver essa Luz nos "teus" olhos!...


Quase se atinge a imperfeição quando não sabemos ser nem imperfeitos nem perfeitos!... Perfeita é a natureza e a nossa também, apesar de todos os nossos irreconhecíveis defeitos à altura dos nossos olhos; todos juntos, cada qual com suas virtudes, pese embora uma ou outra pecha natural, somos partículas da Natureza perfeita!... Haja que nos aspire ;)

Abraço

Odete Ferreira disse...

Há um tempo para tudo...Até para voar nas asas da bela poesia!

Gostei de te ler. Uma poesia com um cunho de originalidade.
Bjo :)