A remoinhar desertos e tempestades, acordámos à vista da Taprobana que só existe por tão desejada.
Na mítica Taprobana, lá para os lados de um chão de azuis e outros céus estava tudo no seu lugar.
A fragância inebriante das algas nas narinas do vento, o bolor à superfície, os retratos nas paredes da casa - fios de música pendurados nas árvores de fruto para adocicar os melros, a partilha do pó pelos melhores objectos, a biblioteca
perfilada nas memórias, ténues sinais, utopias que alimentam o pomar onde plantamos sonhos em voz alta.
Na mítica Taprobana não vi cegos de concertina nas esquinas , amanhãs violados por uma côdea, nem procissões.
Estava tudo no seu lugar. Até as palavras nómadas, reconstruídas a céu aberto, bosques vertebrados, espaços encantatórios, multidões em andamento para concertos de violino e piano, santuários de pássaros, relâmpagos às mãos-cheias a dardejar no cais.
A nossa romã.
Na verdade a Taprobana talvez exista se continuarmos a desbravar caminhos improváveis.
Atento militante da vida - o Dique, pela primeira vez, ladrou.
Pousei a caneta, rasguei a folha de papel.
Olhei-o nos olhos e disse-lhe com ternura - a partir de hoje és um cão.
21 comentários:
Fiquei nesta Taprobana, queda de espanto maravilhado!
Beijinhos Marianos! :)
É pá!!!
Mesmo sem ler em voz alta e soletrada
Fiquei com a voz embargada
e disposto a trilhar caminhos improváveis...
Como o entendo e a "partir de hoje"... ser cão.
Abraço.
Taprobana so existe por ser tao desejada... e pq la é tudo em seu lugar...
Beijos...
"a partir de hoje"...Ser o que se deseja que seja...
Um prazer
ler os sonho que planta
em voz alta.
Beijo
Pois!
Só na Trapobana!
Abraço
Bastarão umas rosas brancas na mão, à chegada ao cais, e tudo será mais real!
Belíssimo!
Um beijo
Depois da viagem a realidade... Uma leitura maravilhosa.
Beijo.
Estas romãs costumam deixar-me sem palavras...
Abraço!
Continuaremos sempre a desbravar esses caminhos...
Belo texto
Abraço.
Um espanto!
Até o Dique me comoveu. A Taprobana existe e haveremos de passar para lá ...
Também quero desbravar esses caminhos improváveis, saborear romãs até me saciar e passar para além da Taprobana.
Quer o Dique ladre ou não, para mim, será sempre um cão!
Beijo.
Sim, havemos de passar de novo a Taprobana e o Dique sera´ o primeiro a saber...
Belissimo todo o texto.
Beijos saudosos.
Ser cão-até pode nem ser assim tão mau.
Já não sei nada.
beijos
E sempre existirá a Taprobana, está no nosso sangue este desbravar de caminhos improváveis.
Abrc e uma boa semana
O dom Sebastião em forma de lugar. O sonho, a demanda do que se sonha.
A vida é feita de procura.
Encanto na foto espantosa, encanto no texto de descobertas!
Estou sempre à espera que algo
mude "a partir de hoje".
Gostei.
Bj.
Irene Alves
Nada detém os olhos, quando estes se alongam no horizonte...
deixo um abraço!
Vamos desbravando até que o sonho se torne realidade. Bj Ailime
na Taprobana tudo é possível, até um cão ser folha de papel ainda não desbravada pelas letras do Poeta...
boa semana.
beijo
:)
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