publicado no meu "Para lá do azul"
Ver-te assim tão indecifrável
nos contornos e nas arestas
ancorada nas marés
em chama viva
a entrar pela casa vazia
sem desistir do silêncio
a resistir mesmo quando doem
os passos e as pontes
fez-me pedir ajuda
a um cântaro de água fresca
às pedras que cantam e tropeçam
nos pés das videiras
foi assim que nos despimos
e vindimámos
para os barcos cumprirem
o seu efémero destino
As uvas morreram nas tuas mãos
mas o pão cresceu nas nossas bocas
22 comentários:
...mais um belo quadro, pintado com versos!
Um dia, em todas as bocas, o pão crescerá sem que as uvas morram
Há muito que te não lia em alta voz...
Abracinho grande
Quem dera não tarde o dia em que o pão cresça em todas as bocas.
Um abraço e uma boa semana
Do pão e das uvas: a poesia a saber a mosto.
Abraço
que assim seja_ bocas alimentadas.
abraço
O destino náufrago, que há de sempre ancorar no fundo do mar da poesia!
A poesia sem sombra de duvidas é linda... mas me encantei com a imagem...
Decorei este poema, a primeira vez que o li. Consigo declamá-lo em voz alta, de olhos fechados. Não o fiz a propósito. A minha memória grava tudo o que mais me toca...
Este poema é belíssimo!
Sónia
As pedras que cantam, para acordarem os homens.
Abraço,
mário
Os sensuais contornos de uma ambiente campestre a fazer adivinhar fartas colheitas.
Perde-se alguma coisa em contrapartida ganha-se outras.Ainda que cambaleante, a vida é mesmo assim...
Olá! Amei a poesia, aliás o blog todo!Se a Srta permitir a estarei seguindo, abração
Um poema a ser saboreado vagarosamente, verso por verso. Alimento e fome. Uma combinação mais que desejada, alcançada.
Boa noite.
corpos vindimados, como barcos furtivos...
belíssimo, meu caro Poeta, caçador de metáforas.
abraço
e eu morri com este poema.
cheira ainda a mosto e ao cheiro do pão...
e os pássaros ainda voam ...
:)
Um poema enigmático
onde navegamos por um
oceano poético irresistível...
Ainda bem que o pão cresce nas suas mãos porque cada vez há mais pessoas famintas (de liberdade, de razão, de humanidade).
Beijinho.
A vida é efémera e as uvas morrerão, para delas renascer o líquido doce, dourado e quente, que será como fermento a fazer crescer o pão em todas as bocas.
Muito belo, este despir de preconceitos que faz cumprir o destino dos barcos, ainda que sigam um rumo com destino incerto...
Um abraço.
O poema é de um lirismo muito bem construído, numa imagética de amor e de esperança. Belo.
bjs
No mar ou em terra, que nunca faltem as uvas e o pão para nos matar a fome do corpo, mas também a poesia, para mitigar a sede do espírito.
Parabéns pela tua, que amei.
Abraço.
Para quê decifrar metáforas, se apenas contemplando se sacia a sede!!!!
Magnífico!!!
Abraço e dia lindo!
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