quinta-feira, 19 de novembro de 2009

QUE O RIO DESAGÚE



Quando o vento em lufadas
implacável zurzia
na fenda das escarpas
nós estávamos inocentes
nas ameias deste mar
a contar o tempo pelos dedos

Aguardávamos que o rio
desaguasse até ao fim
para a grande festa das águas

Só por isso soltámos os barcos
e as aves se embalaram
nos mastros enlouquecidos
e tu começaste a chover
relâmpagos nos meus olhos

Foi quando descobrimos
ao alcance das mãos
todas as belas tempestades
e nos desnudámos de tudo

com gestos simples e lentos
por todo o corpo

mas ainda hoje aguardamos
sábios e mudos

que o rio desagúe

41 comentários:

Sonia Schmorantz disse...

Belíssimo poema!
um abraço

anamar disse...

Sábios e mudos

Sim...

A beleza chegou -me ao fim da noite

Ou princípio da manhã...

Beijos

hfm disse...

Da sabedoria.

Anónimo disse...

Sábios e mudos - loucos e atirados. Talvez um dia o rio desague. Talvez... E os sábios continuarão mudos e os loucos... os loucos sempre serão loucos.

tulipa disse...

Até uma melhor oportunidade, deambulei por PARIS e já estou de volta...fugi dos temporais do Porto e de Lisboa, tudo por cá voou, ventos fortes e chuvas intensas e eu por lá passeando, feliz da vida.
Eu ADORO o Outono e nesta viagem vim maravilhada com as belas paisagens que esta estação do ano proporciona.

Já agora, se pudesses onde irias fazer um "weekbreak"?

Vamos sonhar um pouco e dizer aquilo que nos apetecia fazer...onde ir?

Abraços.

tulipa disse...

Parabéns pelo belíssimo poema.

Vou montar outra exposição de fotografia.
A exposição procura divulgar o que vivenciei pelos caminhos da Índia. Tendo como ponto de partida a fotografia, faço uma reflexão através do tempo sobre imagens que descrevem a solidão dos povos e o significado do seu sofrimento bem como da sua alegria envolvida pela pobreza de géneros necessários à sua sobrevivência, a par da solidariedade e esperança de uma justiça digna.

Aos poucos vou conseguindo aquilo que quero, ou seja, esta EXPOSIÇÃO está aberta aos sábados de tarde, para proporcionar às pessoas que trabalham a oportunidade de a visitar numa tarde de sábado.

Estás convidado para a inauguração no próximo sábado, dia 21 de Novembro, pelas 14h 30m.

Será desta que nos vamos conhecer?
Conto com o apoio de todos os que me têm acompanhado ao longo deste tempo, na blogosfera.
Um abraço forte.

Barbara disse...

No mar.
Rios desaguam no mar e que cantem, como Dorival Caymi:
"É doce morrer no mar..."

lino disse...

Lindíssimo.

Meg disse...

...e tu começaste a chover
relâmpagos nos meus olhos
...

Belíssima imagem. Belíssimo o poema.

Um abraço

Maria disse...

Os rios nunca desaguam até ao fim. Só quando secam, mas aí deixam de ser rios...
Tens, pois, todo o tempo do mundo para aguardar que o rio desague.
E este é um dos poemas mais bonitos que já li aqui...

Beijos

isabel mendes ferreira disse...

na foz. esta. sempre em largo movimento de águas mil.
onde a palavra desagua e cresce.



beijo meu Amigo.




P.s. amanhã dá aquele abraço à nossa amiga G.?


bom fim de semana....Poeta.

jrd disse...

Porque o teu rio é um rio sem foz.
Belo poema.

Graça disse...

"sábios e mudos"... o resto grita o poema.

Um beijo.

Mateso disse...

O sentir na liquidez do tempo.
Belo.
Bj.

Licínia Quitério disse...

E aguardamos. E aguardamos. Uma espera ábia. Um embalo.

CNS disse...

Belíssimo, descarnado, desventrado, como sempre.

VFS disse...

entrega e esperança.

maria josé quintela disse...

e enquanto aguardamos que o rio desagúe somos inocentes.






um beijo.

Unknown disse...

Puro sentimento.
Exaltante.
Muito bem escrito.
Parabéns.

© Maria Manuel disse...

enquanto aguardamos, continuamos a viver essas «belas tempestades», no fluir natural das águas do rio. belo poema.

maré disse...

é sempre assim
as aves embalam as águas enlouquecidas

e o sol desnuda-nos
fora do alcance das mãos.

_______
beijo Eufrázio

Justine disse...

Que o amor não se esgote,nunca!Nem a esperança. Aguardemos, então!

L e n a disse...

Belo poema !

Otimo domingo
Beijinhos

Alberto Oliveira disse...

... um dia, desaguará. Para contentamento de todos os amantes do amor em liberdade plena.

Anónimo disse...

é igualmente um prazer voltar a lê-lo, eufrázio. um grande beijinho.

Graça Pires disse...

Na foz das mãos há-de desaguar esse barco que atravessa a tempestade.Muito belo, o poema.
Beijos.


Muito obrigada por ter partilhado comigo aqueles momentos.

Olívia Marques disse...

Um rio-vida que se fará mar "para a grande festa das águas".

Muito bonito!

Um beijo

Sofá Amarelo disse...

Os rios têm os seus ritmos, às vezes desaguam devagar, levando barcos, gentes e sonhos com eles... que os rios desaguem sempre porque é esse o papel dos rios...

Laura Ferreira disse...

Lindo, como sempre.

Sara Fidiró disse...

Que belo poema!! Beijos

Sara Fidiró disse...

Fabuloso poema. Beijinho

Virgínia do Carmo disse...

Em mim desaguou, hoje, a ternura de um amor imenso ... talvez deslocado do seu leito - mas muito intenso...

Beijo inundado...

PS: a rima foi pura coincidência! :)

Cadinho RoCo disse...

O rio sabe medir velocidade do seu flutuar.
Cadinho RoCo

mundo azul disse...

___________________________________


...movimentos que nem sempre chegam aonde querem...

Bonito o seu poema!


Beijos de luz e o meu carinho...

________________________________

Manuel Veiga disse...

... e os rios desaguarão plenos. um dia. muitos os sabemos!

grande abraço, Poeta!

Naty disse...

Olá lindissimo parabens
Uma boa semana
Bjs

Anónimo disse...

... quando o quotidiano nos trai... valha-nos a POESIA !!!

-Poema de sentimento, elevado!

ab. -EL

samuel disse...

É um processo sem fim... felizmente!

Abraço.

Arábica disse...

Ainda hoje aguardamos.
Ainda hoje o esperamos, pleno.
Uma ode à esperança.

Beijos

Gabriela Rocha Martins disse...

um rio aberto para o (a)mar


belo



.
um beijo

Ianê Mello disse...

Com os olhos marejados e a alma profundamente tocada por teus versos, aqui estou.

Acompanho-te emocionada.

Beijos.