segunda-feira, 5 de outubro de 2009

COMO SE TIVESSEMOS UM BARCO


                                    Joaquin Sorrolla y Bastida


As palavras vogavam soltas
em torrente
alagavam sapais
caldeiras de moinhos

As garças tricotavam pios afrodisíacos
e as canoas lançavam redes
para cercar os peixes
nas marés vivas

Os teus olhos debruçados na margem
circulavam em turvelinho
afagavam a faina

Quando nos soltámos crescemos
e lá fomos barra fora

como se tivéssemos um barco
que não anoitecesse

26 comentários:

lino disse...

E não anoitecerá, se não deixarmos o barco "meter água".

jrd disse...

Do "romance aquático".
Belíssimo.

Jaime A. disse...

Gostei muito, sobretudo da descrição quase...
Passo pela 1ª vez pelo seu blogue e sigo muito contente. Voltarei!

maré disse...

as garças sobrevoam as marés
e esquecidos que as canoas têm uma rota já traçada, ancoramos na margem, a descobrir o movimento das águas.

___

um beijo Eufrázio

Anónimo disse...

Eu só percebo que a noite possa estar se aproximando quando preciso colocar os óculos. Porque do contrário, o meu barco ainda continua no calor do sol, ao sabor das marés. :))

bjs

PS: a gravura fez-me lembrar parte da minha infância. :)

anamar disse...

E depois?
Desejo continuidade de estória.
Que as palavras se soltem dos sapais e vão mar a
dentro.
Com o meu mar à vista esperarei por elas...
bjs
:))

São disse...

Desculpa, mas acho que há uma contradição no poema: tens mesmo um barco que não anoitece, sabes?

Um feliz semana.

hfm disse...

Gostei muito deste anoitecido qu tenta ser barco. Belísimo.

Virgínia do Carmo disse...

Como se o mar não tivesse fundo, nem profundidade, como se o céu fosse tocável e o seu azul não fosse uma ilusão...
Suponho que nenhum barco navega para sempre, não é?

Beijinhos
...

Mar Arável disse...

São

tu sabes que as contradições

existem - a questão é resolvê-las

A poesia não resolve

questiona provoca sugere

Graça Pires disse...

Como se tivessemos um barco ou asas de gaivota...
Um belíssimo poema.
Beijos.

Adriana Riess Karnal disse...

que lindo....é como ter um barco e anoitecer no mar.

Sensualidades disse...

lindo

Jokas
Paula

Isabel disse...

como ficar longe daqui?????


____________tão belo.


beijo. Amigo .





imf.

Gabriela Rocha Martins disse...

há lugar para mais uma.....

.....contradição?



.
um beijo ,manhã alta

Alberto Oliveira disse...

- E vamos sair a barra com o barco-às-claras que não temos?!

- E daí? Ou não acreditas que quando nos soltámos crescemos?

- É verdade que os meus olhos afagavam a faina. Mas a segurança da margem...

- Ilusão tua. Vem cá, vou mostrar-te as garças a tricotarem pios afrodisíacos, não acreditas?

- Acredito que as tuas palavras vogam soltas em torrente...

L e n a disse...

O Mar é tua fonte
Vim até aqui
navegar sobre as palavras que deixastes.

Beijos

AnaMar (pseudónimo) disse...

Não há noite que resista a este poema.
E amor que não aconteça.
Bj

Arábica disse...

E regresso à escarpa! :)

A beleza poética de um estuário
navegado a dois.

Beijos, boa noite, Eufrázio!

São disse...

Tens razão, só que eu entrei também numa de provocar, rrss

Excelente final de semana, Amigo!

Graça disse...

Sempre belo, o teu navegar.


Beijo e bom fim de semana.

Justine disse...

Que melhor barco que as palavras do poema, as que nunca anoitecem?

Sonia Schmorantz disse...

Metáfora poética muito bonita!
abraço, ótimo final de semana

utopia das palavras disse...

e como se fosses vento...para remar a noite!

Contradição ou não...mas belo!

Um beijo

Manuel Veiga disse...

barcos alados...

deslumbrante Poema.

abraços, Poeta!

VFS disse...

ser e seres nas águas em crepúsculo