segunda-feira, 2 de março de 2009

QUASE PERFEITOS

Almada Negreiros


Estava tão leve e desnudo
o teu rosto no espelho da água
que se enlearam nos limos
os nossos olhos

Foi assim que adormeceste intacta
em novelos de espuma
e eu soletrei os contornos
dos teus cabelos soltos
que de tão brancos
se tornaram divinos

Em silêncio recolhi a sombra
nas paredes da casa
soltei as âncoras
do meu barco preferido
e partimos em cinzas
tão leves tão breves

sem rasto

quase perfeitos


24 comentários:

anamar disse...

SEm palavras! Lindo.E o Almada ficou a matar!

maria josé quintela disse...

belíssimo poema!




beijo.

jrd disse...

Simbiose contínua, mais do que perfeita.

Sônia Brandão disse...

Há beleza no poema e na ilustração.

Adriana Riess Karnal disse...

" e eu soletrei os contornos dos teus cabelos soltos"....ah que bonito!!!

Unknown disse...

Quase perfeitos... E atinges quase a perfeição com este belíssimo poema! Tocante...

Beijo grande, grande Poeta

lino disse...

Poema muito belo.

isabel mendes ferreira disse...

retiro o quase.

perfeito como ouro velho. ou se quiser como ouro negro.



no contorno da terra que se faz mar.


(e se um dia lhe baterem à porta carregada de sorrisos...não estranhe,
serei eu a pedir laranjas como milagre).


beijo E.

Alberto Oliveira disse...

... nessa noite, nas notícias em horário nobre de um canal televisivo, o pivot anunciava incrédulo "Casal de apaixonados fez-se ao mar pela madrugada e nunca mais foram vistos. Deixaram uma mensagem na cama onde, pela última vez fizeram amor em terra firme «Antes que nos seja tributado o acto de unirmos os nossos corpos, zarpamos. Tão leves tão breves».

Arábica disse...

Belo poema.


Beijos.

maré disse...

Desmesurada
mente

BELO!

______

e fico

desnuda

zarpando leve

em espelhos de água

Um beijo Eufrázio

Anónimo disse...

P E R F E I T O!!!!

Belo!


beijos

Teresa Durães disse...

um amor quase perfeito

Graça disse...

É por isto que entro... e fico. A ler-te. Lindo o poema. [e adoro Almada, mora lá no meu palco :)]

Beijo

Manuel Veiga disse...

tão leves. tão breves. que dá gosto vê-los partir. perfeitos...

abraço, Poeta.

Anónimo disse...

quando as palavras enredadas transmitem sentimentos aproximam os pensamentos...
abraço

vieira calado disse...

Como o quadro de Almada Negreiros, aliás.

Um forte abraço.

Fá menor disse...

Boas leituras por aqui!

"Em silêncio recolhi a sombra/ nas paredes da casa"

Quase, quase perfeito!

Carla disse...

quase perfeitos partiram...com a perfeição das leves palavras que aqui ficaram
beijos e bom fds

. intemporal . disse...

quase perfeitas as palavras que aqui se denominam numa simplicidade apenas e tão só sublime.

porque há muito que a perfeição é inata, de dentro para fora, no contorno de todas as sílabas que se desejam decifradas, a cada momento.

um abraço.

Sonia Schmorantz disse...

Um poema perfeito, simplesmente perfeito. Parabéns.
um abraço e um ótimo final de semana

Licínia Quitério disse...

A insustentável leveza. Esta, sim.

Mateso disse...

A perfeição do tempo feito sentir.
Bj.

Gabriela Rocha Martins disse...

incontornável
a tua forma de poetar
e
que falta me fizeram
as tuas palavras soltas



.
um beijo