sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

NO CAIS A DARDEJAR






Na memória das areias

as aves marinhas

alimentam os nossos passos



No ar que se respira

uma minúcia

de chuva primitiva

esculpe persistente

gota a gota

a sombra das pedras



Meu amor

que faremos das palavras

aqui tão longe



Levantadas as âncoras

partimos sem limites

no risco que os barcos

deixaram à tona da água



Em floração ficaram intactos

alguns mastros a dardejar

no cais

rente à nossa janela



27 comentários:

Maria disse...

É preciso partir, navegar
para regressar
no tempo certo.

Beijos

Mié disse...

ai...o amor e os poetas!

:)

um beijo

Arábica disse...

Eufrázio,

Intactas sempre as florações dos mastros por navegar, esperando os rios das palavras navegáveis...


Dá vontade de partir, numa bolina cerrada...

Justine disse...

O caminho das palavras é um caminho de pedras, primordial e limpo...

Teresa Durães disse...

e enquanto esse barco navega rente à janela, sente-se o vento na vela

Laura Ferreira disse...

Respira-se, aqui, um belo ar.

Graça Pires disse...

"Meu amor
que faremos das palavras
aqui tão longe"
Um belíssimo poema como vem sendo hábito.
Um abraço.

isabel mendes ferreira disse...

penso que essas flores se multiplicam....pelas ondas....pelas sílabas guardadas em papel de rosa.

será?




bom fim de semana meu Amigo.

jrd disse...

Vai, porque o horizonte estará sempre onde estiverem os teus olhos.

mariam [Maria Martins] disse...

Eufrázio,

é fantástico! este poema.

os passos, as pedras, o sem limites... o amor.

um grande abraço e o meu sorriso :)
(engripado,ainda!)
mariam

Mateso disse...

As palavras florirão as águas do sentir cortadas pelo barco da vida.

Excelente!
Bj.

Ana Paula Sena disse...

Partir. Ficar. Partir sem limites. Ficar em floração.

Assim se faz ouvir poesia com o genuíno sentir do poeta!

É um belo poema :):)

Licínia Quitério disse...

Sempre fica um mastro a dardejar...
Bonito, bonito.

L e n a disse...

Lindo poema,
escrito com sentimento

otimo fim de semana !

Mel de Carvalho disse...

Caríssimo, das suas palavras se faz a boa poesia.

sejam "...concerto de pássaros" ...
ou
"...intactos mastros a dardejar
no cais"
serão, por certo.

por mim, fico por aqui, num outro cais, grata por me proporcionar sempre belíssimos momentos de poesia e/ou reflexão.

bfs, fraterno abraço,
Mel

vida de vidro disse...

Partir sem limites. Para que as palavras floresçam e dêem fruto. Belíssimo. **

maré disse...

em floração

as velas

dardejando

as sílabas

acesas
.
.
.
tão perto da nossa janela.

______

é lindo...

bjs

Manuel Veiga disse...

é necessário partir. por vezes. e assumir o risco dos barcos. à tona de água...

... e maré de palavras belas!

abraços, Poeta.

Sofá Amarelo disse...

As areias têm memória tal como as palavras têm âncoras e barcos que tantas vezes nos fazem partir sem limites... em direcção a algum cais que só existe na nossa memória...

Gabriela Rocha Martins disse...

navegar é preciso

[ façamos das janelas jangadas de sonhos ]

se ainda for possível



.
um beijo

Donagata disse...

Das suas palavras, Mar arável, pode fazer o que quiser.

Esculpirá sempre algo sem limites na sua beleza.

Anónimo disse...

Que faremos das palavras?
sopramo-las
e vamos nelas
para junto
da nossa janela
meu amor!

princesa

maria josé quintela disse...

"Meu amor

que faremos das palavras

aqui tão longe"



eu confesso que não sei.



um beijo e boa noite.

pin gente disse...

gostaria de partir sem limites
ainda que não saísse do lugar

lindo poema

um beijo

tb disse...

Há momentos em que as palvras são assim de uma grandeza de mar e outras, os silêncios... :)
beijinho

mnemosyne disse...

...e os cristais das palavras gravam nas folhas da água uma passagem

ruth ministro disse...

O mar e poesia... a simbiose perfeita.