segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

SOPRO O VENTO






Sitiada por um deserto de sílabas

lá onde a escrita nos esconde

dormes por cima do olhar

no outro lado das videiras



És o meu castelo

a hastear todos os dias

uma nuvem contra o tempo

um cristal que se alimenta

do próprio brilho



Risco um fósforo

ateio as mãos

para desvendar silêncios pendentes



Subo às ameias do teu corpo

para recuperar as minhas pedras

sopro o vento

para te ver dardejar

por sobre as areias

beber do teu vinho


16 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

arrisco dizer que o risco do fósforo subiu às ameias da beleza.



__________________.



beijo. "florido".

vida de vidro disse...

Viagem pelas ameias do corpo. Beleza nas palavras que desvendam caminhos. **

AnaMar (pseudónimo) disse...

Delicioso poema :-D
Bjs

Graça Pires disse...

Um sopro de vento a atear os sentidos...
Um abraço.

éme. disse...

Que bonito...
...
Logo hoje, que andei a ler pedaços à solta d' O Trabalho Amoroso (de Max Pagès) e Fragmentos de um Discurso Amoroso (de Roland Barthes) chego aqui e vejo estas linhas em harmonia com o que só me atrevo vislumbrar...

Que bonito!

Luís Galego disse...

desvendar silêncios pendentes é o mote de todas estas palavras escritas travestidas em belo poema.


não tive oportunidade de estar no lançamento do livro, mas até Dezembro ele estará nas minhas mãos.

um enorme abraço, Grande Poeta....

Sensualidades disse...

imagem lindissima para um texto magnifico

Jokas

Paula

Anónimo disse...

... nos silencios estão"tantas vezes" os nossos "gritos" ..-
Belo poema !!!

Um abraço a cheirar a NATAL|

Quelino!

maré disse...

sopro o vento

e nos trilhos

que espreitam as janelas

desvendo os silêncios desde as águas...

sopro o vento

um vento de mar


______

um beijo

Teresa Durães disse...

alcançar o topo onde se toca no céu

Laura Ferreira disse...

Lindo!

CCF disse...

Palavras bonitas que o vento não deixará de recolher para guardar.
~CC~

mdsol disse...

Um sopro de belas palavras
:))

Anónimo disse...

as palavras podem conjugar-se... mas,quando se alinham com os sentimentos desenham um contorno feliz

abraço

Anónimo disse...

Lá...onde as ameias avistam
a festa dos sentidos...!

Adorei!!!

Um beijo

mariam [Maria Martins] disse...

Eufrázio,

especialíssimo poema! este.

"...e fossemos a última folha do outono em pleno voo..." que imagem mais poética...

Fantástico!

bom fim-de-semana
um abraço e um sorriso :)
mariam