É preciso ouvir as pedras o corpo inteiro das escarpas beijar o chão das palavras que falam por gestos é preciso ouvir as pedras grãos de areia moventes por entre os dedos que se riscam e alumiam noites dão sentido à luz breve quase perfeita de um fósforo é preciso ouvir a memória das pedras Eufrázio Filipe
Nada é absoluto nem este sítio onde dulcíssimos cães lambem os céus sonâmbulos pássaros mentem na desmemória das árvores nem os gestos aparentemente inúteis a viverem de olhos fixos em bando acordados à sombra dos relâmpagos nada é exacto a não ser uma certa luz vertebrada que se consome ao entrar pelas frinchas da escarpa Eufrázio Filipe "Presos a um sopro de vento"
No chão que pisamos passava um rio plasmado nos espelhos em desalinho exorcizando as margens Aqui deixámos sinais traços de luz a morfologia do movimento Hoje escrevo a preto e branco à pergunta do rio azul caminho por sobre as águas ocupo-me do porvir