domingo, 27 de dezembro de 2015

GENEROSA LAREIRA









No reverso
da generosa lareira
extintos os presépios
se reacende
o lume no sobro


No reverso
de todas as claridades
uma multidão de faúlhas
organiza pelos dedos
novos apeadeiros
de luzes intemporais


surpreende à flor da pele
num fósforo
o corpo lindo das palavras




eufrázio filipe

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O NATAL VAI COMEÇAR






Belos relâmpagos
partilhados
no chão das águas
dezembrando
o lume das estrelas

O Natal vai começar
em família e outros amigos

Boas Janeiras


eufrázio filipe

 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A CADEIRA VAZIA


 



Em cardume
nos olhos dos peixes
lá estavam os pescadores

Na véspera de relâmpagos
e outros afetos
dulcíssimos corações
clareavam as noites
e nós só podíamos fazer
o que fizemos

sentámos à mesa
os ausentes
levitámos em voz alta
o sussurro das marés
recolhemos estrelas
no chão das águas

celebrámos a cadeira vazia


eufrázio filipe
 

domingo, 6 de dezembro de 2015

DESENHO NOS ESPELHOS





Efémeras pétalas
dão acesso
à escarpa
erguida dos escombros

passo a passo
pelos caminhos do vento
recolho-as quando desenho
nos espelhos

pátrias amovíveis
barcos alados
que se perfilam
para hastear a mais bela
desordem
de cores no jardim

efémeras pétalas
os teus olhos remoçados
despontam à flor das águas


eufrázio filipe
 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

VIGÍLIA AO IMPROVÁVEL





Quando te despiste em flor
e revelaste a nudez
já despontavam as camélias

não por dádiva dos céus
na vertigem das sombras
muito menos porque o mar
se ergueu
num sussurro de azuis

tão só depurada
trazias gestos musicais
a noção de um rio
que se demora nas margens

Quando te despiste
quase inocente
numa povoação de sílabas
não desnudaste
o mais íntimo da pele

ficaste em vigília ao improvável
tão perto dos mastros
onde dardejam pássaros
e profanam metáforas


eufrázio filipe