segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CAÇADOR DE RELÂMPAGOS (contos)



Bem-vindos a este encontro de amigos

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

SOLTAR OS PÁSSAROS

publicado no "Para lá do azul"



Os cães choravam em silêncio
e eu não sabia porquê

Pensei no pobre limoeiro a afundar-se

lá onde nidificam toupeiras

ao entardecer

na estrela persistente

que viceja à noite no portão

nos olhos claros de um certo azul

que ilumina a casa

no desfolhar ensombrecido

das roseiras

Vasculhei tudo

invadi searas proíbidas

até ao mais íntimo da pele

pó, sombras, sonhos

Perguntei-te - quando desaguas ?

e tu desaguaste à janela

a marejar entristecida

e eu não sabia porquê

Foi quando os cães se levantaram

para soltar os pássaros


terça-feira, 23 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

NATO - OS PREDADORES FUNDIDOS?


Como se fosse uma inevitabilidade a existencia da fome e da guerra
a falta de respeito pela diferença de género, culturas, tradições e pensamento - a colossal Nato reuniu em Lisboa, para anunciar ao mundo o que estava préviamente acordado nos subterrâneos da hipocrisia. - isto é - o seu reforço de intervenção militar, com recurso a uma nova geografia no terreno, partilha financeira e uma nova imagem branqueada da acção predadora dos E.U.A.

Por cá tudo bem - a avaliar como de modo próprio considero a "histórica" cimeira - com factos políticos da "máxima importância"
para a projecção internacional do nosso país - neste desconcerto de nações.
Verifiquei como alguns protagonistas se assumiram - tartufos, indecorosos e vassalos - almas penadas.
Eis alguns exemplos

Cavaco de mãos pedintes estendidas a Obama
Sócrates em corridinhas atrás de Obama
A filha do ministro na foto com Obama
A frustação da polícia por não ter de intervir
A tendência da Nato para um dia se declarar organização de caridade
O material bélico comprado sem concurso que não chegou a tempo da cimeira
O reforço da GNR no Afeganistão
A coleira de cortiça para o cão de Obama
A Europa ajoelhada
Os predadores fundidos


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

BARCO DE REMAR


A remar águas e ventos
numa orgia de rotas
e salivas sem destino à vista
encontrei na margem
uma pedra
com vida por dentro
exilada no espelho do rio
a amanhecer
no ressoar das marés
Juntei-me ao seu corpo
convergi na paisagem
subscrevi-lhe as pautas
os improvisos
e ali mesmo desconstruímos
a recusa do impossível
aprendemos que nada
é completamente inútil
muito menos a magia do tempo
que transportamos
portas abertas
janelas escancaradas
por onde inevitável
circula o pó
e tudo se move
até os velhos pássaros refulgentes
que libertámos dos lábios
em pleno voo (e)ternos
num barco de remar


terça-feira, 9 de novembro de 2010

DESLAÇAS-TE



Nas paredes mais navegáveis da casa
os teus retratos a preto e branco
com muitas cores
soltos de margens

são meandros vertebrados

onde cantas silêncios

em campânulas de sons

ateias relâmpagos por entre vagas

desmandas sílaba a sílaba

remoçada de lábios

o esconderijo das palavras

Quase silvestre e maternal

dedilhas fios de linho

no tear onde te oiço

sussurrar claridades

passos remos e passos

Nas paredes mais navegáveis

navego-te os timbres

até à fímbria de um sopro

onde emerges em flor

nos meus olhos

Deslaças-te


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

COMO TE VEJO

publicado no "Que fizeste das nossas flores"

Ainda não aprenderam

os meus olhos

a verem-te

como és

mas apenas como te vejo