domingo, 19 de junho de 2011

O FIM DA TARDE



                                                    Oleo de Vladimir Valegov      

Quando nos mastros mais altos
das escarpas
as bandeiras em desassossego
caminhavam sibililinas
por uma nesga de sol

tu eras um rio
contra a vontade das águas
a desaguar

margens
pássaros
barcos
sedimentos

à procura de uma nova expressão
para todos os azuis

Ainda hoje não te descobri
mas estou a ver-te aqui dos mastros
tão infinita
sentada no cais

Um dia vou encontrar-te
antiga
olhos hasteados

a construir o fim da tarde




41 comentários:

carlos pereira disse...

Meu caro Poeta;
Mais um excelente poema.
Parabéns.
Forte abraço.

anamar disse...

Podia ser o meu poema do dia, que foi passado no cabo Espichel...
:))
Beijos de mar

Eu, Meu Contrário e Minha Alma disse...

...em coro: BELO!

OceanoAzul.Sonhos disse...

Um belo poema, um belo mar, um magnifico fim de tarde.
A pintura, de singular beleza.
Um abraço
oa.s

Canto da Boca disse...

"Um dia vou encontrar-te
antiga
olhos hasteados

a construir o fim da tarde"

que imagem fantástica me fizeste ver... a hora do ocaso sinalizando novos começos (ainda que para muitos, sejam finais), amplos em possibilidades!

Que poema imenso, senti-me barco a singrar mares! Ainda que haja o estático do cais.

AC disse...

Ao fim da tarde, quando a luz tende a reacender memórias, por vezes elas vêm ao nosso encontro...
Belo, como sempre!

Abraço

marlene edir severino disse...

Em algum poema, texto meu,
escrevi:
"...venha ao meu encontro quando estiver envelhecendo..."
...
Afetuoso abraço daqui!

Marlene

Sara disse...

Que a "procura de uma nova expressão" nos alente, em tempos em que as "velhas expressões" estão gastas.
Uma bela combinação de palavras e imagens.

Mel de Carvalho disse...

Eufrázio, a reconstrução dos poentes é dos momentos mais belos na linha das marés. Haja a capacidade de hastear os olhos, além da dor, na linha luminosa de um fim de tarde.

Um enorme bem haja, um abraço
Mel

antonio ganhão disse...

A construir os nossos dias com poesia...

mfc disse...

É nossa sina caminharmos contra o vento...

Sandra Subtil disse...

Que beleza!
Suave e embalador.

Tania regina Contreiras disse...

Procurar todos os tons de azul: que imagem tão bela!
Beijos,

AnaMar (pseudónimo) disse...

Que belo poema fim de tarde- Quase lusco-fusco.

José Carlos Brandão disse...

A tarde - e a mulher - num hausto!

jrd disse...

Hasteada e livre.
Abraço

Maria Luisa Adães disse...

Um dia a vais encontrar
no reflexo do luar
te chamando
e ondeando as águas...

Lindo poema, doce e timido.

Maria Luísa

ana disse...

Que dizer, Mar Arável?

Há sempre "uma expressão" que fica perdida, talvez no horizonte daquele mar de Vladimir Valegov.

Belo! :)

Justine disse...

A procura da serenidade? Muito belo!

tecas disse...

No final da tarde, tudo pode acontecer...como aconteceu a inspiração para um sublime poema:)
«Ainda hoje não te descobri
mas estou a ver-te aqui dos mastros
tão infinita
sentada no cais»
A serenidade das palavras, são contagiantes.
Parabéns, poeta!
Saudações poéticas

Anónimo disse...

Sublime.

Beijos

Secreta disse...

Apetece-me desaguar neste teu rio de palavras e sentires...

manuela baptista disse...

todos os azuis

encontrados!


um abraço

manuela

Flor de Jasmim disse...

Eufrázio
Sublime!!! É no fim de tarde que procro o mar quando ando a remar contra a maré, caminhando contra o vento, é a minha caminhada, os barcos estão mais seguros atracados, mas não foi para isso que eles existem.
Beijo

Unknown disse...

belo blog parabéns

Mariz disse...

E q esse encontro chegue logo, para q em seu coração possa aportar.

beijos com carinho,


Mariz

Sam. disse...

qdo a palavra se faz harmonia... cria-se, inspira-se tão bela poesia!

Lindo...

OutrosEncantos disse...

"Um dia vou encontrar-te
antiga
olhos hasteados

a construir o fim da tarde"

... ler-te com a tela de Vladimir na memória do olhar, imagino-te nesse encontro, na beira de um mar entre os azuis e os verdes....
era um fim de tarde e o sol adormecia vermelho na linha laranja do horizonte!

encanto-me com a tua poesia, por ser plural. nela se pode navegar em qualquer direcção.

que poema lindo!

beijo, Mar.

Sônia Brandão disse...

O poema se constrói delicadamente como olhos que constroem um final de tarde.

bj

Graça Pires disse...

"à procura de uma nova expressão
para todos os azuis" Belíssimo poema, como sempre. Um beijo.

Menina no Sotão disse...

Tudo que eu consegui fazer aqui foi suspirar intensamente. As vezes algumas poesias não me permite outra coisa que não o silêncio do meu íntimo. Belissimo.

bacio

hfm disse...

Nos olhos da poesa.

Branca disse...

E a vida acontece, sempre, por aqui...

Beijos

Virgínia do Carmo disse...

Construções imensas as que nascem dos seus dedos. Sempre.

Grato abraço

Karl disse...

Doce. Fica-se com a cabeça no longínquo, depois da leitura.
Obrigado.

Licínia Quitério disse...

Ela lá estará, esperando, com o olhar infinito.

Abraço, Poeta.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

esperança num sonho anunciado.

azuis em fim de tarde.

beij

Anónimo disse...

E quando o encontro ocorrer, dá notícias.

Tamanha exaltação desencadeará uma edição fulgurante.

Um abraço

Mª João C.Martins disse...

Assim, como quem respira o desassossego de uma bandeira e se senta à espera de todas as tardes serenas, reinventadas de azul.

Um abraço

Anónimo disse...

A espera, a entrega, a febre que não passa.
Meu beijo.

Anónimo disse...

há fins de tarde que têm muito que se lhe diga...