Não sabíamos que os rios
podiam cair dos céus
sem deixarem de ser água
mas quando te vi
tão livre líquida quase humana
a moldar arestas
vesti a pele das aves
para descobrir o sentido do voo
a voz abrupta dos violinos
Adentro prisioneiros com destino
num instante de chuva
a desaguar por sobre as pedras
eternos e frágeis
compreendemos o sopro do vento
contra o vento
começámos a construir
a pulso
gota a gota
uma rota navegável
25 comentários:
Certa vez entrei numa dessas cavernas moldadas pelas águas. Profunda, impressionante. Parecia um templo com estruturas descomunais, quase aterrorizantes.
Fiquei pensando se não fazemos isso com os sentimentos que acolhemos, nos adentra e cria caminhos inimagináveis... e nos torna únicos.
bjs
gostava de saber ler as cartas de marear
( porque )
navegar neste "mar"
é preciso
.
um beijo
Muito belo.
Um dia os rios poderão nascer no mar e desaguar nas fontes...
Beijos
Belíssimo esse instante de chuva, essa rota navegável...
"construir...gota a gota uma rota navegável" é uma imagem lindíssima. Poesia, enfim...
Um beijo
Belos, como sempre, os seus poemas!
Não é poeta quem quer...
:)))
Bons ventos!
Que maravilhoso poema!! Beijos.
De facto
tudo o que se consegue
nesta vida é a "pulso" e
com muita persistência.
Quem acredita e quer
consegeue concretizar
um sonho qualquer.
Lá dizia o povo:
"Crer é poder"
"Mais vele quem quer
do que quem pode"
É urgente
que cada um
consiga tornar
a sua "rota navegável"!
princesa
compreendemos
as rotas do vento em colisão
e nas asas de um céu líquido
frágeis
repousamos sobre as ondas.
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bebo deste rio
calmo
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essa construção feita gota a gota torna-se mais forte
forte a construção poética e leve o poema em si...rota navegável...
abraço,
Véu de Maya
muito vagamente se percebem os sentimentos traduzidos em palavras...
gosto como já é costume
O amor pode tudo
:)))
Contra ventos e marés... havemos de ter um "sol" para todos igual.
Alvarez
Com as mãos e passo a passo se constroi esse caminho...a rota navegável!
Beijo
O caminho, estimado Eufrázio, faz-se "caminhando", como melhor que eu, de tudo o que de si vou lendo, intuo.
A sua poesia tem "garras de condor", venham as águas dos céus ou de "mares nunca d'antes navegáveis".
Abraço fraterno
Mel
Belíssimo...
Um abraço e bom final de semana
Rota navegável e moldável
ao vento que nos sopra dos dedos,
na pedra liquida do querer.
Abraço
Compreendido o sopro do vento... toda a viagem é possível.
Abraço.
Rios a desaguar sobre as pedras e construindo, ainda assim, uma rota navegável. Excelente!
Um abraço.
assim se constroem rotas - gota a gota...
belíssimo, Poeta.
abraço
Uma rota que acompanho com muito prazer... nesta cascata, feita poesia.
Beijo.
Particularmente belo este poema, entre os muitos que aqui tenho encontrado...
Bonito de ler e pensar.
Um abraço
Como sabe, não sou muito de comentários embora siga atentamente as marés deste seu Mar Arável. Mas, de vez em quando, preciso de registar aqui aqueles momentos em que as palavras se tornam tão especiais que se nos cravam na alma como os ferros marcam os animais, tornando-nos propriedade desse mundo extradordinário que é a poesia.
Tal foi o caso desta Rota Navegável. Para mim, um dos mais belos poemas seus que já tive o privilégio de ler.
Só me resta agradecer.
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