terça-feira, 16 de junho de 2009

ROTA NAVEGÁVEL



Não sabíamos que os rios
podiam cair dos céus
sem deixarem de ser água
mas quando te vi
tão livre líquida quase humana
a moldar arestas
vesti a pele das aves
para descobrir o sentido do voo
a voz abrupta dos violinos

Adentro prisioneiros com destino
num instante de chuva
a desaguar por sobre as pedras
eternos e frágeis
compreendemos o sopro do vento
contra o vento

começámos a construir
a pulso
gota a gota
uma rota navegável

25 comentários:

Anónimo disse...

Certa vez entrei numa dessas cavernas moldadas pelas águas. Profunda, impressionante. Parecia um templo com estruturas descomunais, quase aterrorizantes.

Fiquei pensando se não fazemos isso com os sentimentos que acolhemos, nos adentra e cria caminhos inimagináveis... e nos torna únicos.

bjs

Gabriela Rocha Martins disse...

gostava de saber ler as cartas de marear

( porque )

navegar neste "mar"

é preciso



.
um beijo

Maria disse...

Muito belo.
Um dia os rios poderão nascer no mar e desaguar nas fontes...

Beijos

Donagata disse...

Belíssimo esse instante de chuva, essa rota navegável...

Graça disse...

"construir...gota a gota uma rota navegável" é uma imagem lindíssima. Poesia, enfim...

Um beijo

anamar disse...

Belos, como sempre, os seus poemas!
Não é poeta quem quer...
:)))

jrd disse...

Bons ventos!

Paula Raposo disse...

Que maravilhoso poema!! Beijos.

Anónimo disse...

De facto
tudo o que se consegue
nesta vida é a "pulso" e
com muita persistência.
Quem acredita e quer
consegeue concretizar
um sonho qualquer.
Lá dizia o povo:
"Crer é poder"
"Mais vele quem quer
do que quem pode"

É urgente
que cada um
consiga tornar
a sua "rota navegável"!

princesa

maré disse...

compreendemos
as rotas do vento em colisão
e nas asas de um céu líquido
frágeis
repousamos sobre as ondas.

-------

bebo deste rio
calmo

_____

Teresa Durães disse...

essa construção feita gota a gota torna-se mais forte

luis lourenço disse...

forte a construção poética e leve o poema em si...rota navegável...

abraço,

Véu de Maya

martelo-polidor disse...

muito vagamente se percebem os sentimentos traduzidos em palavras...

gosto como já é costume

mdsol disse...

O amor pode tudo

:)))

Alvarez disse...

Contra ventos e marés... havemos de ter um "sol" para todos igual.

Alvarez

utopia das palavras disse...

Com as mãos e passo a passo se constroi esse caminho...a rota navegável!


Beijo

Mel de Carvalho disse...

O caminho, estimado Eufrázio, faz-se "caminhando", como melhor que eu, de tudo o que de si vou lendo, intuo.

A sua poesia tem "garras de condor", venham as águas dos céus ou de "mares nunca d'antes navegáveis".

Abraço fraterno
Mel

Sonia Schmorantz disse...

Belíssimo...
Um abraço e bom final de semana

Arábica disse...

Rota navegável e moldável
ao vento que nos sopra dos dedos,
na pedra liquida do querer.


Abraço

samuel disse...

Compreendido o sopro do vento... toda a viagem é possível.

Abraço.

Graça Pires disse...

Rios a desaguar sobre as pedras e construindo, ainda assim, uma rota navegável. Excelente!
Um abraço.

Manuel Veiga disse...

assim se constroem rotas - gota a gota...

belíssimo, Poeta.

abraço

Anónimo disse...

Uma rota que acompanho com muito prazer... nesta cascata, feita poesia.

Beijo.

Meg disse...

Particularmente belo este poema, entre os muitos que aqui tenho encontrado...
Bonito de ler e pensar.

Um abraço

Madalena S. disse...

Como sabe, não sou muito de comentários embora siga atentamente as marés deste seu Mar Arável. Mas, de vez em quando, preciso de registar aqui aqueles momentos em que as palavras se tornam tão especiais que se nos cravam na alma como os ferros marcam os animais, tornando-nos propriedade desse mundo extradordinário que é a poesia.
Tal foi o caso desta Rota Navegável. Para mim, um dos mais belos poemas seus que já tive o privilégio de ler.
Só me resta agradecer.