
A pedido dos monges da Arrábida foi construída uma fortaleza para proteger o litoral. A vida pode ser uma surpreza. A fortaleza, hoje museu oceanográfico é uma referencia no corpo da serra.
Deslumbrados com o património florístico e os monumentos geológicos deste sopro da natureza, percorremos magestosas paisagens na bio-diversidade deste ecossistema.
Desaguámos na enseada do Portinho, numa das mais belas baías do mundo, no espaço poético de Sebastião da Gama.
A doce Arrábida debruça-se abrupta em madeixas de verdes até afagar o rio azul, à vista de roazes e finíssimas areias.
Na esplanada de um restaurante, com os olhos nos olhos dos peixes e dos albatrozes, distribuíamos miolo de pão, saboreávamos salmonetes, nascidos, crescidos e baptizados no Sado.
Não fora a exploração desastrosa da alma e do corpo da serra para a produção de cimentos, uma ferida que sangra os olhos, mais a recente memória da incineradora de lixos tóxicos em nome do mercado de capitais, estaríamos sem máculas num pulmão que respira.
- A serra queixa-se do trangalhadanças.
Na mesa ao lado um sujeito de cabelo grisalho e nariz ponteagudo, tresandava a brilhantina. Levantou um braço, limpou-se a um guardanapo de papel e questionou-nos com voz falsete.
- Trangalhadanças? Estão a falar comigo?
- Naturalmente sr engenheiro.