quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

BARCO ENXUTO DE PALAVRAS






No repouso da paisagem
chove na palma das tuas mãos
mas é o uivo do vento
que prolonga o grito
das fomes divididas
na mesma mesa

simplificando

A transfiguração dos sinais
na liturgia dos silêncios
deflagra em voz alta
paraísos improváveis

no corpo de um barco
enxuto de palavras


eufrázio filipe



16 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

No repouso da paisagem
chove na palma das nossas mãos

saudade disse...

Tanta falta faz o grito como o silêncio... Palavras mudas.
Muito bom.
Beijo

Majo Dutra disse...

Gosto da intimidade e cumplicidade destes silêncios que deflagram paraísos... Bj

Rosa dos Ventos disse...

No meio do silêncio ouvem-se gritos dolorosos!

Abraço

Jaime Portela disse...

E barco enxuto de palavras nunca naufraga...
Caro Eufrázio, um bom resto de semana.
Abraço.

Às margens de mim. disse...

As palavras são infinitas diante de uma boa construção de texto. AbraçO!

Genny Xavier disse...

É isso...o silêncio costuma gritar na placidez das paisagens...especialmente quando nos toca a alma.
Bom revisitá-lo neste "mar arável" de versos...

Beijo,
Genny

Ailime disse...

É no meio do silêncio que as vozes nos ressoam o sentido das palavras.
Magnífico poema.
Beijinhos,
Ailime

Agostinho disse...

Muito bom. Com o potencial das palavras conterem múltiplas roupagens. Imaginadas. Para mim o real e a miragem convivem no mesmo quadro.
Imagino:

O corpo enxuga-se ao vento
no balancear dos cabelos
até à exaustão das quilhas
O silêncio apaziguador vem depois

Abraço, caro Poeta.


Juvenal Nunes disse...

Palavras para quê se a vida é um barco que balança entre a carestia e a abundância...
Saudações poéticas
Juvenal Nunes

Maria Rodrigues disse...

E no silêncio da alma do poeta, soltaram-se as palavras, que suavemente vieram encantar o meu coração.
Maravilhoso poema
Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

Mas é o uivo do vento
que prolonga o grito
das fomes divididas
na mesma mesa



Fiquei sem palavras.
Abraço e bom fim de semana

Graça Pires disse...

Na liturgia dos silêncios consigo ouvir as palavras de um inesperado sossego, a prolongar gritos e sinais…
Uma boa semana, meu Amigo.
Um beijo.

Margarida Pires disse...

Eu fico deliciada com o silêncio da minha barca.
Fico envolta num mundo de magia só meu.
Sorrisos de luz.
Megy Maia

Teresa Durães disse...

No silêncio todas as palavras.

lis disse...

Cabe a cada um de nós abreviar os paraísos e torná-los prováveis.
_ e navegar ao sabor do vento.