sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

À MEMÓRIA DAS PEDRAS



Lá no cimo
mais expressivo da serra
os silêncios permanecem
num castelo
a encher os olhos de vento

Não sabiam explicar
porquê
naquele recorte
muito menos as pedras
que se deitam sobrepostas
como sempre
ao som de latidos
na inverosimelhança
dos teus passos

mas quando poisaste
de um voo improvável
nas ameias

os cães organizaram-se
com bandos de pássaros
em guarda
à memória das pedras
Mesmo assim
não libertámos os silêncios

37 comentários:

anamar disse...

As pedras são eternas...
Frias e quentes...
As pedras são o registo do tempo.

Abracinho meu :))

Tania regina Contreiras disse...

Que fantástico isso...a história do poema, e as pedras, que também foram remexidas na minha memória!
beijos,

OutrosEncantos disse...

... porque liberdade é uma ilusão, apesar de tudo...
mas sabes o que mais me fascina neste canto?!... as tuas metáforas, de uma beleza terna e encantadora.
bjs tantos.

José Carlos Brandão disse...

A memória das pedras

ou a pedra da memória

(mas cada vez que vou escrever pedra,

escrevo perda).

hfm disse...

Das pedras, do silêncio, do tempo. Belíssimo!

Flor de Jasmim disse...

Mar Arável
Consegue sempre atravez da poesia me transmitir palavras doces nestes tempos amargos que estou a viver.
Obrigado Amigo
Beijo

Secreta disse...

Do silêncio das pedras...que não se movem, mas tanto têm para contar.

Mel de Carvalho disse...

"Lá no cimo
mais expressivo da serra.."

Isto é POESIA. Pura poesia.
Da que nos preenche a alma. Para além do silêncio das pedras.

Gratidão, Eufrázio.
Mel

Justine disse...

Neste mundo surrealista é tão difícil libertar os silêncios...

Mariz disse...

As pedras estão ali a emoldurar o tempo.

bjus!

Licínia Quitério disse...

Todos esperamos que por fim as pedras falem. Preciso é que os cães e os pássaros se organizem e lhes louvem a memória.
Muito tocante este poema, retratando também este nosso improvável tempo. Abraço, Poeta.

jrd disse...

Como nós, as pedras resistem porque têm memoria.

lino disse...

Adoro os silêncios e o sussurro do vento a afagar as pedras.
Abraço

Sandra Subtil disse...

São aráveis estas pedras como o é o teu mar...

ana disse...

Os silêncios...

Lídia Borges disse...

Os silêncios por libertar tão impenetráveis como as próprias pedras [mortas]...

Um beijo

R. disse...

Há castelos de silêncio e muros que se erguem para os preservar. Resta-lhes o testemunho das pedras...

E a nós, o eco consolador das palavras que por aqui se encontram.

:)

Sensualidades disse...

:):)

fez-me sorrir

e nao sei explicar porque

Bjinhos
Paula

Anónimo disse...

Ah, se as pedras falassem!... Mas "os silêncios permanecem/ num castelo/ a encher os olhos de vento"...
Belo, tristemente real!
Abraço

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Poeta

Mudas como o silêncio...as pedras...o que não dizemos.

Beijo
Sonhadora

Vivian disse...

Olá!Bom dia!

Poesia sempre me encanta, é um alento pra alma...A mais pura expressão dos sentimentos humanos...
Gostei muito do seu blog!Assuntos bem diversificados.
Obrigada pela visita!
Seja Bem-Vindo sempre!
Bom final de semana!
Abraços!

Rosario Ferreira Alves disse...

Há poesia assim. Que nos toca de uma forma inatingível à mente. Eu gosto quando os poemas me passam directamente para a alma.
Obrigada. É um sentir reconfortante.

Rosário

Maria P. disse...

O valor dos silêncios...

beijinho*

Anónimo disse...

e como seria bom consegui-lo, caro amigo. um grande beijinho e um bom fim-de-semana!

Canto da Boca disse...

(do que contam as pedras e nem sempre temos a sensibilidade para entendê-las...)

OutrosEncantos disse...

vim te ler outra vez :)
bom domingo
beijo

Sara disse...

Por vezes, os silêncios não libertados transformam-se em memórias... de pedra.

Bom Domingo.

mfc disse...

Tudo nos traz memórias e revivê-las faz parte da vida.

Nilson Barcelli disse...

Os silêncios, por vezes, são de pedra...
Magnífico poema. Gostei.

Arábica disse...

"Encher os olhos de vento"

...reconheço-lhe os caminhos da serra mais pura...e há silêncios que não possuem qualquer silêncio.
Por isso, são de silêncio,

Um abraço, Eufrázio.

Fê blue bird disse...

Os silêncios sempre nos dizem tanto.
Sempre únicos os teus poemas.

beijinhos

Secreta disse...

Boa semana :)

Mª João C.Martins disse...

Em pedra se sedimentarão os silêncios, se deixarmos que se protejam nas muralhas sem nunca se explicarem.

A minha gratidão, pela partilha da excelência.

Um abraço

Anónimo disse...

Afinal...
Cá em baixo
Chegaram silêncios.
Silenciosamente
Escaparam-se
Por entre as pedras irregulares
Cumprimentaram os cães
E voaram com os pássaros
Enquanto o sol
Ganhava a forma das ameias
Do castelo
No alto da montanha
Tanquilamente...

princesa

Gabriela Rocha Martins disse...

ah! meu Amigo............
se o meu tempo fosse outro
fica ,aqui ,lendo.te
( porém )
em mais um poema belíssimo

-deixo-



.
um beijo
( e .......lamento que o tempo ,de quando em vez ,me obrigue a ser tão breve... )

Manuel Veiga disse...

se as pedras falassem exaltariam o "voo improvável". em sua leveza!

belíssimo

abraço

Jaime A. disse...

Lindo este poema das rochas, dos cães, da vida...