segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ÁGUA A CAIR NO MAR





Sempre que chegavas ao porto
construias um sonho

penetravas o olhar doce das aves
e lá ficavas exilado
numa festa de silêncios
a riscar na tela
a carvão
uma rota de afectos
a preto e branco

cumprias o mar lavrado
num farol restrito
até para os barcos
carregados de vento e velas

Quando sereníssimo
pela última vez
contigo chegaram
severas  as belas tempestades

ergueste o velho lápis de carvão
levaste-o aos lábios
e sopraste em surdina
para os mastros hasteados

sou apenas água a cair no mar

35 comentários:

Anónimo disse...

Apenas água, tanta água que faz o mar. Mar que dá sentido em se ter farol, barcos e sonhos e... vida.

beijinhos

José Carlos Brandão disse...

Muito bom. Imagens a carvão, concretas e sensíveis.
Abraços.

Gabriela Rocha Martins disse...

não, meu Amigo ,és muito mais do que isso

és onda em mar revolto



.
um beijo

Mar Arável disse...

GABRIELA ROCHA MARTINS

ESTAMOS-te gratos

amiga

as velas ardem ate ao fim disse...

Que bom...fizeste me sentir o meu irmão.

um bjo

jrd disse...

O desenho da poesia.
Magnífico!

Cristina Fernandes disse...

A escolha das palavras certas que o poema tão bem soube hastear...
Uma boa semana
Chris

hfm disse...

Uma cantata de palavras e sons!

CNS disse...

A tua poesia vai muito para além do apenas.

lino disse...

Sem palavras!
Abraço

Licínia Quitério disse...

Belíssimo este destino de desenhar afectos. Como água tombando no mar.

maré disse...

sereníssima
paleta de sons
cumprida
pelos mastros


uma última vez
na rota silenciosa
do olhar

_____

beijo Eufrázio

Branca disse...

"sou apenas água a cair no mar"...

e sendo água é fonte de vida na frescura do espírito que jorra das palavras...

Beijinhos
Branca

Teresa Durães disse...

As águas misturam-se entrando em perfeita harmonia

Meg disse...

...numa festa de silêncios
a riscar na tela
a carvão
uma rota de afectos
a preto e branco
...

Lindíssima imagem poética!

Um abraço

Mar Arável disse...

O meu Pai foi sempre

um militante da vida

Bjs mesmo para os que não entraram

no texto

L e n a disse...

o velho e o mar,
o pai e o filho
duas gotas de agua,
na imensidão do mar

Beijos

utopia das palavras disse...

Mesmo que se carreguem as tempestades, teremos sempre braços para hastear os mastros!

Beijo

Anónimo disse...

gosto muito mais da ideia de poder vir a ser água a cair no mar do que pó a ser terra... se é que era este o sentido do seu poema... mas ainda assim, é uma bela ideia! um grande beijinho*

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mar Arável

Bem hajas pelo porto a que se chega e onde se constrói um sonho.
Nem todos acreditam que os sonhos são possíveis de construir. Nem todos procuram um porto para ancorar.

Abraço

Anónimo disse...

Eufrázio,

No teu mar revoltoso, a espuma da água é carícia.

"sou apenas água a cair no mar"
Belíssimo final de poema!

PS: Não quero abusar do teu tempo,
mas gostava que desses um " saltinho ao meu novo blog ( Saga de Familia, e me escrevesses a tua opinião.
No caso de não quereres comentar, fá-lo para o e.mail.
Obrigada, Eufrázio!

Beijos.

Maria Valadas

© Maria Manuel disse...

belo poema, em que se desenham sonhos e sopros para afastar tempestades, em que se é "água a cair no mar".

abraço.

Unknown disse...

Oh, ser apenas água a cair no mar....doce sossego, fim indolor!

São disse...

Para quem adora o mar, como eu, é um deslumbre...

Beijinhos, carissimo

Unknown disse...

Há uma sereia neste «Mar Arável» que merece estes e tantos outros poemas eloquentes e de superlativa qualidade.

Bem haja!
Sortuda!

Saudações

Virgínia do Carmo disse...

Apenas, talvez, mas... apenas uma imensidão a matar a sede ao infinito....

Como o poema.

Beijos

Espaços abertos.. disse...

Mesmo que o tempo não seja o nosso temos que o abraçar com toda a força...
Bjs Zita

Justine disse...

O sonho a desenhar a vida ou o homem a desenhar o sonho. Ou as tuas palavras poéticas a movimentarem barcos.

anamar disse...

poeta do mar

deixo-te aqui

o meu beijo
bfs:))

Jaime A. disse...

Um sonho a carvão, um mar talvez tão português... quando as tempestades são "belas" então é possível o sonho.
Bem-haja pelo poema.

Arábica disse...

A carvão.
A sal.
A olhos e pele.
Um dia encontraremos um cais de vento onde aportar o devir.

Abraço, Eufrázio.

Barbara disse...

...no mar.

célia musilli disse...

Adoro poemas marítimos...Um bj!

Manuel Veiga disse...

água que se faz lavra! num mar arável...

belissimo, Poeta!

abraços

Anónimo disse...

"construir sonhos acordados...
n"uma rota de afectos
a preto e branco"...

"ergueste o velho lápis a carvão...
...e sopraste em surdina..."

...a sua poesia envolve-nos,
faz-nos "sonhar acordados"!

Naquele porto de abrigo
peço licença
para ser uma simples
gota de água
do mar
por ti lavrado.

princesa