Irrompem fios de música
rio abaixo
folhas secas que rugem
inclinadas nos teus olhos
As palavras colidem
quando circulam mansas
no espanto da paisagem
mas os pássaros permanecem soltos
na nossa ilha
Frente a frente
aqui nos sentámos ao avesso
como estátuas longínquas
só para inalar as pautas do silêncio
Aqui nos sentámos
para que tudo aconteça
mesmo de tão pouco
se rasgue em claridades
este tempo inabitável
Aqui nos sentámos
só para respirar
sabendo que os apeadeiros
não se repetem
mesmo quando em Janeiro
provarmos de novo
o vinho dos nossos pés
23 comentários:
Saboroso o vinho vindimado assim...
Beijos
este poema é um sonho, a imagem é uma maravilha,
viajei até essa praia, depois fui até à grande, conheço-as bem...onde os pôr-de-sol são fantásticos, é Outono, senti o cheiro a mosto, e o sol a espreguiçar-se ma minha pela antes de se afundar na água...
adorei o poema
boa semana
um grande sorriso :)
mariam
(conhece a praia grande? tem uns barzinhos de praia com espreguiçadeiras... aquilo que escrevi, é real...e bom)
Ritual de Outono onde adivinho a sede e o vinho.
Muito bom.
Abraço
a vindima da alma
feita mosto
regressada de um período brando
[ascético ]
saúdo.TE em Malhoa
.
um beijo
fabuloso
adoro oq ue aqui poes
Jokas
Paula
No correr do bago se faz o liquido. No correr da palavra se faz o poema.
No correr do bago ,mais da palavra fazem-se os sonhos da gente, da nossa gente.
Bj.
A vida tem destas coisas! Pequenas surpresas para as quais nunca estamos completamente preparados. Esta imagem, que reproduz uma obra do Malhoa, tenho-a eu para aí numa das minhas gavetas cheias de papéis, recortada de um calendário de parede antigo. Eu teria os meus 10 anos, talvez, e achei a imagem tão bonita que a recortei e guardei religiosamente. Ainda hoje a tenho. Ainda hoje é das minhas preferidas.
Imagine-se a boa surpresa quando a encontrei aqui, ilustrando palavras que dizem bem mais do que admitem dizer.
Fiquei feliz.
Um beijo
Prenúncios do que virá(sequer apenas sonhado) nos sinais de hoje, sejam eles folhas secas ou pássaros soltos, o que é quase o mesmo
"... os apeadeiros
não se repetem"... (pois é.)
Mesmo que lá retomemos, iremos outros, renovados ou um pouco mais tristes, talvez cansados.
Não se repetem, os apeadeiros,
Sinta-se mais forte o aroma do vinho.
Levante-se mais largo o gesto,
Brindemos a
"este tempo inabitável"
"para que tudo aconteça" !
(gosto é mesmo de misturar as palavras e deixar ir as ideias, à solta, ficar presa!)
a vida ...vindimada
com fundo de Sintra e Malhoa.
um beijo
Poema belíssimo, sereno, outonal quase. Adorei. **
"aqui nos sentámos frente a frente
(...)
sabendo que os apeadeiros não se repetem)
belíssima imagética...
intenso o vinho na vindima da palavra.
obrigado, por ela.
eu respiro-a, neste à beira- vouga, onde o olhar se semeia no mar sem fim, no ouro do milho, no maduro da luz.
por isso, no abraço, o sabor salgado...
maré
não desisti.
apenas continuo a voar____________:)
beijo.
Um vinho sempre novo...
Belo poema.
Um abraço.
"...fios de música..."
Bonito!!!!
Colidem devagar
para se cumprimentarem afectuosamente
na presença dos pássaros
em liberdade
naquela ilha de verdade
Olhos nos olhos
silenciosamente
erguem-se taças
brinda-se ao mosto
até que
a prova do vinho novo
aconteça
princesa
Vindima da vida...
nesta tua pauta de silêncio!
Lindo
Beijo
Ausenda
artesão de palavras belas. como o nectar de vinho. raro...
abraços
a vindima, a uva pisada, o mosto, a curtimenta, a prova. A vida.
Como de costume, passei, saboreei. E, hoje, deixo-te umas palavras. Também de agradecimento pelos teus desejos de boas vindas à península de Setubal.
Um abraço grande... e até já.
É tão aprazível a ideia de nos sentarmos assim, calmamente, apreciando a paisagem...!
A imagem do quadro de Malhoa: magnífica!
Bom fim-de-semana :)
poesia? é outra música...
... em Janeiro?, por aqui já se fala de água-pé!
A Praia das Maçãs é minha conhecida... Fez-me voltar atrás no tempo.
Excelente imagem, palavras que têm o poder do encantamento, ficamos quase sem saber o que dizer.
Adorei!
Um grande sorriso :)
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