domingo, 3 de junho de 2007

O ADMIRÁVEL GRÃO DE AREIA






Correm em bando os teus olhos

por cima das searas e do vento

porque é preciso transgredir

rasgar o véu que se demora em fascínios

encontrar no corpo interior

um sinal primitivo de nudez

uma pequena distração de flor

que agite o ambíguo coração das aves

e abra novos caminhos

por este mundo

onde todos os rios

deviam ser apenas água em movimento


Provavelmente só os teus olhos sabem

que na obscuridade mais imperceptível

há um brilho indígena em gestação

Eis a nova ordem emergente

a gota de orvalho que fende a luz

o admirável grão de areia


que não repousa

11 comentários:

Maria disse...

Porque transgredir é preciso....
... e quantos grãos de areia não repousam...

Páginas Soltas disse...

Os dois primeitros versos..." tocaram-me" profundamente!!

Todo o poema é uma ode!

Abraço amigo da

Maria

Anónimo disse...

Hoje apeteceu-me brincar com as suas palavras, dando-lhe mais um sentido. Espero que não leve a mal!

"Por cima das searas e do vento
é preciso transgredir
rasgar o véu
encontrar no corpo interior
um sinal
que abra novos caminhos
por este mundo
onde
um brilho indígena em gestação
a nova ordem emergente
a gota de orvalho
o admírável grão de areia
não "deviam" "repousa"r
enquanto não encontrassem
a verdadeira equidade
entre os (des)humanos!
Princesa

Letras de Babel disse...

e é paixão de vento - erosão.
e paixão de mar - onda acabada.


_____________



bjs

Anónimo disse...

Grão de areia ao poder. Já!

Luís Galego disse...

o admirável grão de areia
que não repousa

mais um poema para a antologia que aguardamos seja uma realidade...

jrd disse...

Quem sabe se não virá a tornar-se num admirável mundo novo?

un dress disse...

...do vinho e do risco.


o trilho

da.nova.ordem. emergente


...

Páginas Soltas disse...

Um grão de areia que vem quebrar o silêncio...

Palavras com um sentido único!

Abraço

Maria

Alexandre disse...

«Correm em bando os teus olhos
por cima das searas e do vento
porque é preciso transgredir
rasgar o véu que se demora em fascínios»

Os fascínios das águas em movimento, dos rios que não repousam e moldam o admirável grão de areia!

aquilária disse...

excelente!
apetece-me reler e ficar-me em silêncio, interiorizando as imagens, os sentidos das palavras.

agradeço que me tenha sido proporcionado este deambular pela sua poesia.


abraço