Quando eras um rio
a rasgar caminhos vertiginosos
as escarpas seguiam
imaculadas os teus olhos
os peixes ficavam vermelhos
na tua boca
nidificavam entre margens
enleados num abraço de limos
quando a sombra das pontes
nem sequer eram fronteiras
e eu disse que os rios viajam
do ventre até à foz
tu sabias que só o mar
os acolhe
quando eras um rio
eu dava os primeiros passos
na água
a desconstruir muros
silente o chão
se alevanta
nas nossas mãos
eufrázio filipe
"Chão de Marés"
16 comentários:
...se alevanta!
Não tarda
...e mesmo que tarde
Eu gosto da poesia
Que entra por minha mente
E vai à alma que sente
O que o poema envia
Mas hermética ou fria
Não gosto, unicamente
Porque não passa da lente
Do meu olhar qual vigia
Que observa pra fora
Como se o aqui e agora
Fosse eterna fantasia.
Quando o modernismo aflora
Sinto logo e sem demora
Saudades do que havia!
Grande abraço! Laerte.
Os poemas são transformados por quem os lê, certo?
A mim este poema soou-me a mãe.
À mãe da infância, que contrasta com a mãe envelhecida (e tão humana) da idade adulta.
Desconstruir as pontes para que o rio que és seja o rio de todos os que acreditam na purificação da água e da liberdade. Belo, o teu poema.
Uma boa semana, meu Amigo.
Um beijo.
Possamos sempre alevantar-nos!
Beijinhos, MA :)
O rio e o tempo.
Ambos correm e escorregam entre limos escorregadios.
Belo, belo.
Beijinho, EF
Vivemos na esperança de que se alevante em breve.
Abraço
desconstruir muros
por vezes (muitas vezes) é sempre complicado
mas com a força das mãos
tudo é capaz de se alevantar (ou não?)
abraço caro Poeta
:)
Descontruir muros e construir pontes sem fronteiras são valores fundamentais.
Bj
Belo o poema...quase de amor, mas de um amor maior, de apelo e de luta. Rio transformante, multidão que se «alevanta».
Beijo.
Belíssimo poema...
Fez me lembrar a minha avó com o se "Alevanta"
Bom fim de semana
Beijo
Rios que nos ensinam o caminho da liberdade desconstruindo os muros.
Belíssimo.
Beijinhos e bom feriado.
Ailime
...enleados num abraço de limos..."
como todos os bons momentos que nos fogem como água, como rio, como mar. Um escorrer da felicidade que tanto queremos deter.
E ainda assim, eu gosto da imagem das palavras, e do poema de lembranças. Elas estão presentes, e é o que fica vivo na fugacidade do tempo.
"SILENTE O CHÃO SE ALEVANTA"
que lindo!
Um abraço.
Um poema lindo!
Fiquei aqui imaginando a cena descrita!
Parabéns pelos versos Poeta!
Pensamentos Valem Ouro
"a desconstruir muros
silente o chão
se alevanta
nas nossas mãos"
Tenhamos esperança. A voz dos poetas derruba muros.
Parabéns, meu amigo, por este poderoso poema. Tocou-me na alma... e não sou poeta!
Beijo.
É forte a corrente poética.
Abraço.
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