domingo, 18 de fevereiro de 2018

DESVENDAVA-TE






Sempre que improvisas acordes
gosto de ouvir-te em silêncio

indecifrável
quase inocente
a libertar os mais contidos desejos

eterna por um fio
à luz de um fósforo

se soubesse explicar
o movimento das sombras
a dissonância do relógio de pêndulo
o chão dos barcos a  óleo
nas paredes da casa

pegava-te ao colo poema

desvendava-te

Eufrázio Filipe "Cháo de claridades"


11 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Fabuloso poema!! Amei!!

Poetizando...- "Trabalho árduo... ao luar" ( Poetizando ...)

Beijos...Bom Domingo

Janita disse...

Há sempre um "se" a impedir a concretização dos nossos mais íntimos desejos.

Um abraço, Poeta.

Rogério G.V. Pereira disse...

Eu sei
Eu sei
Página cem

Boop disse...

"indecifrável
quase inocente
a libertar os mais contidos desejos"

Tão bonito!

Graça Pires disse...

Poderás pegar o poema ao colo, desvendá-lo, mas nunca saberás "explicar
o movimento das sombras a dissonância do relógio de pêndulo o chão dos barcos a óleo nas paredes da casa", porque não vais querer fazê-lo nunca. O mistério das coisas é que te guarda as palavras...
Magnífico, meu Amigo!
Uma boa semana.
Um beijo.

Enquanto a chuva cai... disse...


Belíssimo!

Beijinho.

Teresa Almeida disse...

A imagem logo nos apanha na onda do mistério, do indecifrável... e a palavra fez-se ao caminho num belíssimo poema.

Beijo.

Agostinho disse...

Há consequências inevitáveis
no arrojo da luz do fósforo:
é breve e
"eterna por um fio"
de ternura.
Fica e dura.

Como sempre, é um prazer ler-te, com mais ou menos paizinhos.
Abraço.

Ailime disse...

... E em silêncio se lê excelente poesia como esta.
Bjs
Ailime

Agostinho disse...

Onde está paizinhos deve ler-se pauzinhos, lema expresso pelo Eufrázio Filipe, autor do Mar Arável.

Olinda Melo disse...


Um desejo latente em cada poema: descobrir os mistérios de que são feitos os sentimentos, a sensibilidade, e a arte de bem escrever.

Abraço.

Olinda