sexta-feira, 24 de março de 2017

SEM CONTORNOS NEM ARESTAS





Nas paredes da casa
onde me deito
nos teus retratos
brotam pedras
em carne viva
sem contornos nem arestas
que se transformam em pão

por elas me ergo
contra todos os destinos
mesmo que ininteligíveis
chovam em flor os teus olhos

Nas paredes da casa
tudo é possível
menos a profanação das metáforas

Eufrázio Filipe

25 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Muito bonito!

Beijo, bom fim de semana
Bom dia

vida entre margens disse...

Profanar metáforas é sacrilégio, para além de que, nas paredes da casa, muitas vezes são guardados os mais belos tesouros da alma...

Bom fim de semana Poeta!

Agostinho disse...

A profanação é pecado capital. Mas
se a massa que se amassa
na penitência de vértices e arestas
o pão arredonda-se
para lá do contorno torna-se
gesto habitual de habitar
Dai-nos Poeta desse pão.

É isto que nos alimenta, caro Eufrásio.

Branca disse...

Muito bela e intimista, como sempre, a tua poesia!
Um prazer ler-te. Uma saudade que me deu hoje!
Beijos.

Anónimo disse...

o pão que dá a força para lutar contra os destinos. belo

Marta Vinhais disse...

Nas paredes da casa confessamos pecados, anseios, paixões...
São testemunhas silenciosas do caos do nosso Mundo...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

LuísM Castanheira disse...

Do espírito metafísico que hoje me assola, aceito que até as paredes têm uma linguagem...

Abraço

Rogério G.V. Pereira disse...

Nas outras casas
onde se deitam

vão se acordando
vagarosamente
lentamente
na compreensão
do teu poema

Graça Pires disse...

Como se todos os silêncios fossem proibidos...
Muito belo, meu Amigo!
Um bom fim de semana.
Um beijo.

Palavras soltas disse...


Eu profano as metáforas e me culpo por isso...
Poema belíssimo.

Beijinho.

Arco-Íris de Frida disse...

A casa que somos, é o pao que nos sustenta...

jrd disse...

Admiremos pois a beleza das metáforas, porque depois das entendermos, não mais será possível profaná-las.
Abraço fraterno Poeta

redonda disse...

Estive a lê-lo duas vezes para o tentar apreender/sentir melhor.
Gostei.
um beijinho e um bom Domingo
Gábi

vitalina de assis disse...

Olá.


Gostei muito, embora me faltem palavras que possam impregnar estas paredes.
Então deixo-as em branco, pintadas de palidez e finjo não vê-las.

Abraços,
Vitalina.

manuela baptista disse...

o pão e a casa,


metáfora de um vida feliz


um abraço

Majo Dutra disse...

«Ó subalimentados de sonho! A poesia é para comer!»
Achei este pão e o teu poema deliciosos.
Beijos.
~~~

Bandys disse...

Belo poema.
beijos

Rúbida Rosa disse...

Verdade, poeta: "tudo é possível, menos a profanação da metáforas". Gosto muito da tua poesia. Muito mesmo. Abraços.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, poema é certo, belo e objectivo.
AG

Ailime disse...

Boa tarde Poeta,
O pão ainda tão necessário...
Um poema muito belo.
Beijinhos,
Ailime

bettips disse...

São os olhos das casas que nos transformam e transtornam. Por vezes, limam-se arestas... outras vezes, as esquinas, os sotãos... e o pão seco do tempo.
Abç

lupuscanissignatus disse...

casa da memória

alicerce da redenção


Lucy Mara Mansanaris disse...

Talvez, ali haja o reflexo mais profundo do coração.
Lindíssimo, parabéns!

Odete Ferreira disse...

Retratos vivos, esses das pedras, que alimentam e levam o poeta a levedar as palavras transformando-as em pão, operando o milagre do alimento do espírito de quem as saboreia. Como eu!
Bj

Graça Alves disse...

Belíssimo, sem qualquer dúvida!
Bjs