segunda-feira, 11 de abril de 2016

DO ESPLENDOR DAS COISAS POSSÍVEIS




                                 
                                         "Paisagens em alvoroço"

Vou tentar escrever duas palavras ininteligíveis para ver se me faço entender, aqui da minha escarpa.
A poesia não se comenta (?) a menos que sejam os poetas a dizer por gestos o que escreveram.
A poesia do meu amigo Manuel desafia, desbrava palavras, são gestos em carne viva.
O poeta na sua solidão partilhada de luminosidades, sombras e silêncios, adquire no seu refúgio a transfiguração da vida.
Artífice exímio, recusa escancarar os poemas à devassa de uma leitura linear.
Recordo que é através das palavras que se expressa (também) a poesia.
No universo específico onde se move o poeta, com ou sem roupagem metafórica, cabe ao leitor acolher a mensagem e decifrá-la.
Esta poesia não é para ser cantada mas deve ser lida em voz alta, na esperança de sermos livres, eternos, por um instante, nas "paisagens em alvoroço".
Este "do esplendor das coisas possíveis" segue um registo de forma e conteúdo que identifica o Poeta e o Homem.
Se me lessem um poema seu sem identificar o autor, eu diria sem pestanejar - é do Manuel Veiga.

Abraço fraterno.


 

16 comentários:

Manuel Veiga disse...



Do esplendor da tua escarpa o cálido gesto da amizade

Caldeada, a amizade – devo dizer – no culto da poesia, mas também, irmanados no desígnio de emancipação social, de que as nossas vidas dão testemunho, modestamente, embora, no que a mim diz respeito.

Sei, assim, que, por formação e carácter, não te prestas a lisonjas e que as tuas palavras são genuínas (embora altamente lisonjeiras para mim) . Agradeço o teu gesto fraterno que partilhas com alegria de quem ama a poesia e as suas celebrações e se reconhece na alegria dos seus amigos.

E se me permites acrescentar o que um dia escrevi, a propósito do teu belíssimo livro “Chão de Claridades”: “não andasse o mainstream cultural tão alienado, os tempos fossem mais claros e luminosos (...) e o Eufrázio Filipe teria o merecido reconhecimento na literatura portuguesa, como um dos mais notáveis e inspirados poetas contemporâneos”.

E terminar, como então, citando um poema teu: “ ainda não aprenderam/os meus olhos/a verem-te/como és/mas apenas como te vejo.”

Fraterno abraço. Grato

Emília Pinto disse...

Há quem ache de facto que a poesia não se comenta, alegando alguns que se pode deturpar as belas palvras do poeta. Bem... não consigo ler uma poesia e simplesmente dizer que gostei, Nunca quis com isso alterar o sentido dado ao poema, pois isso ser-me-ia completamente impossivel; o que vai na alma só o poeta o sabe, O que eu faco é deixar que a minha alma sinta as palavras e delas retire a mensagem, em geral a mensagem de que está necessitada.
gem. Não sei se estou certa, mas penso que será gratificante para um poeta ver que a sua mensagem passou. Claro que o mais certo é que a interpretação feita não tenha nada a ver com os sentimentos do poeta, mas o que importa é que olhos leram a poesia , interpretaram-na com o coração e a serenidade se fez presente. Obrigada amigo por este post que me tirou dúvidas sobre este aspecto. Um beijinho
Emilia

Rogério G.V. Pereira disse...

...e diria também eu
é seu

jrd disse...

Em louvor do poeta nosso irmão levei o teu post para o "Bonstmeposhein?!" Que outra e melhor homenagem lhe poderia prestar.
Abraço fraterno Poeta

Odete Ferreira disse...

Um sentir, excelentemente bem escrito, a disseminar os sentires de um alguém (1) que, pelo texto que li, bem merece esta genuína admiração...
Parabéns ao Manuel Veiga e sucessos.
Permite-me referenciar o que o heretico (deduzi ser o Manuel Veiga) escreveu. Na verdade, há muita genialidade que ficará na sombra...
Bjo, amigo :)

MARILENE disse...

A poesia é o que sente o leitor, ainda que não se coadune, seu pensar, com a real intenção do poeta. É para ser degustada como fruto maduro e saboroso, nos permitindo um navegar por águas tranquilas e/ou de melancolia, de agonia, de inconformismo. Tenho profunda admiração pelo Manuel e confesso que leio o que publica sem, na maioria das vezes, comentar. Permito-me, apenas, em silêncio aplaudi-lo. Abraço.

ana disse...

Achei graça dizer que a poesia não se comenta...
Gosta-se ou não se gosta.
Parte-se com ela em viagem ou não.
Normalmente, nestes eventos focam-se os ancestrais que serviram de fontes inspiradoras.
Desejo felicidades ao seu amigo.
Bjs. :))

Laura Santos disse...

Bonito gesto, a partilha do lançamento do livro de Manuel Veiga, um excelente poeta e prosador. Gosto muito de lê-lo.
A poesia comenta-se, sim. Muitos podem senti-la e não conseguir comentar, mas quem sabe escrever, saberá comentar o que quer que seja; inclusive poesia. Comentar não é mais do que expressar uma opinião.
xx

deep disse...

Um comentário que é, só por si, poesia. Eu, por razões de trabalho, vejo-me obrigada a comentar a poesia, mas também o faço quando um poema me diz alguma coisa e quero partilhar o que penso ou sinto com alguém.

Mais do que comentar a poesia, gosto de a sentir, de estar em comunhão.

Parabéns ao heretico! :)

(Tenho uma obra de cada um dos poetas comigo.)

Graça Sampaio disse...

Bela homenagem aos poemas do Manuel Veiga - que é muito boa!

O seu comentário algo poético está bem ao nível dos seus (dele..) poemas...

Beijinho.

Suzete Brainer disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andrea Liette disse...

Pois que buscamos o indizível! Parabéns a ambos- pela poesia e amizade que os aproxima. Abraços.

Rita Freitas disse...

Ninguém sabe verdadeiramente o que vai na alma do poeta mas é sempre bom manifestarmos as emoções que sentimos sobre as suas palavras.

Abraço

Armando Sena disse...

Pois não, a poesia não se comenta, bebe-se, vive-se, entranha-se.
ab

anamar disse...

Ora viva.

Foi bom "ouvê-lo ", nÃO do alto da sua escarpa, mas na cave da LIVRARIA FERIN, a ler o texto acima transcrito.

Pena o barco não esperar...

Abracinho

Agostinho disse...

Duas palavras ininteligíveis prometeu o poeta EF para aclarar equívocos dos normativos.
Fê-lo com distinção, de tal forma que bastou sentir, não interpretar, para que se entendesse o sentido do vento nas crinas da poesia do amigo MV. Com a voz se mede a têmpera que o poeta forjou no calor dos vales e nos cristais dos cumes.
Parabéns aos dois.