terça-feira, 22 de março de 2016

HÁ FLORES NO CHÃO





Com olhos cheios
de pátrias desnavegadas
no fulgor das águas
reparti a escarpa
com mãos inteiras

regressei ao poema
plantei uma flor
mais vermelha
que os teus lábios
nas paredes do cais

Dulcíssimos e medrosos
os cães ladraram
ao portão da casa

soltaram os barcos
à hora dos pássaros

para desespero dos náufragos
e das Primaveras

Eufrázio Filipe
 

22 comentários:

Sandra Louçano disse...

Sublime :)
Fica um beijo com estima.

Graça Sampaio disse...

É isso mesmo, Mar Arável... «para desespero dos náufragos
e das Primaveras»...

Mais uma dia de desespero e medo.

Janita disse...

Para onde foi o meu comentário?:( Não gosto nada de perder comentários. fica uma sensação de vazio...
Vou ver se me lembro do que escrevi e desta vez copiar.
---------------------------------------------------------

Dizia eu, que para desespero de Primaveras e náufragos, cada vez mais vemos flores caírem no chão e nas tormentosas águas do mar.

Um beijo, Poeta!

Maria Eu disse...

Há um apontamento de alegria sempre que numa boca se desenha uma flor vermelha.

Beijos, MA :)

GarçaReal disse...


Flor vermelha é o espreitar da primavera e de sublime sorriso, como sublime é o poema

Boa Páscoa

Bjgrande do Lago

Bandys disse...

\Lindo e intenso>
regressei ao poema
plantei uma flor
mais vermelha
que os teus lábios
nas paredes do cais

E que precisava mais?

Beijos

Miss Smile disse...

Destaco "regressei ao poema/plantei uma flor!/mais vermelha/que os teus lábios/nas paredes do cais". Tão, tão bonito.

Um beijinho, Mar, e uma boa Páscoa

Manuel Veiga disse...

muito bem.

poema de "alta cozinha" - "filé mignon" do melhor
(sem espinhas, nem... sereias!

belo poema de amor. em todas a línguas, sem dúvida!

abraço sempre, meu caro MarArável

Unknown disse...

Olá, Filipe
Tanta vida desnavegada relatada num único poema - "para desespero dos náufragos/ e das primaveras".

abç amg

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

a flor rubra da paixão a anunciar a primavera

por isso os barcos soltaram-se mesmo que fosse a hora dos pássaros

tão belo isto!

boa Páscoa

beijinho

:)

Marta Vinhais disse...

Escreve o poema com a luz e a paixão da Primavera...
Para que se volte a navegar e haja vida nos cais...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Rogério G.V. Pereira disse...

Poema que subverte
a quietude

que aportem os barcos
à hora dos pássaros

da escarpa repartida
recebo a parte
que me cabe

Maria Rodrigues disse...

Magnifico e sentido poema.
Boa Páscoa
Um abraço
Maria

manuela barroso disse...


Do desgoverno, que sobrem as primaveras sempre tão belas aqui.
Bji

Teresa Almeida disse...

Regresso ao poema
ávidas as mãos
submersos os sentidos.

Beijo

Teresa Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ana disse...

Beijinho. Excelente Páscoa!

manuela baptista disse...

esta é uma primavera de náufragos, de pátrias apátridas


sossegam-nos os cães ao portão da casa e os poetas das escarpas


um abraço

rosa-branca disse...

É...para desespero dos náufragos e da Primavera. Adorei este mar de palavras desnavegadas. Boa Páscoa e beijos com carinho

anamar disse...

"os pássaros são o fruto mais vivo das árvores"

que as amendoeiras despidas do seu fruto estejam repletas de pássaros ...
tempo a tu afeição.~

:)

Agostinho disse...

Se o vermelho permanece no cais o regresso há de ser uma festa.
Abraço

Odete Ferreira disse...

Felizmente que há sempre pessoas a gostar e a plantar flores para contraponto dos desvarios.
Mais um belíssimo poema, amigo.
Bjo :)