sexta-feira, 29 de agosto de 2014

ENCANTATÓRIAS PEQUENAS PÁTRIAS







Linda plumagem quase hulha
olhos de mel
graciosa no salto
à noite uma centelha no poleiro
inverosímil aos arrufos
íntegra a cacarejar
depositava o mais branco ovo na palha

Aparente  mente feliz
morreu hoje
a minha galinha preta
e eu só podia fazer o que fiz

ofereci-lhe palavras
encantatórias pequenas pátrias


 

26 comentários:

Janita disse...

Que poema delicioso!

Até a cacarejar é preciso que haja integridade. Só assim, uma simples e feiticeira galinha preta merece receber, na hora de abandonar o poleiro, palavras mágicas como se fossem 'encantatórias pequenas pátrias'.
Até para se ser galinha é preciso sorte!!
Adorei! :)

Um beijo.

Palavras soltas disse...

Não sei porque, mas achei graça...
Meus pêsames!

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Um poema que vai para além das palavras...as entrelinhas falam.

Um beijinho com carinho
Sonhadora

Agostinho disse...

Do exemplo que deixou
há um ovo a germinar.

Majo disse...

~
~ ~ ~ Belíssimo e comovente o poema-- o agradecimento e a homenagem. ~ ~ ~

~ ~ ~ ~ Boa e feliz despedida deste Agosto... ~ ~ ~ ~

Arco-Íris de Frida disse...

Ofereceu-lhe o melhor...

Rogério G.V. Pereira disse...

às vezes, irmão
choramos penas

jrd disse...

Bela homenagem. Só mesmo Tu Poeta, poderias cantá-la assim.
Um abraço fraterno

anamar disse...

Um dia quero ir aonde estejas para te ouvir ler os teus poemas.

Regista e ..... não esqueças, tenho que ir de PP.

Beijinho

Ana Tapadas disse...

Que belo! Rumores de tempos idos, encantatórios hinos vindos de um tempo inicial...

Beijo

. intemporal . disse...

.

.

. merecida.mente re.conhecido .

.

.

trepadeira disse...

Renasceu das palavras, renascerá das cinzas.

Abraço,

mário

Helena disse...

Ofereceste a ela, minha linda, aquilo que de mais bonito podias oferecer, a terra que a viu nascer e viver...
Muitas vezes um pequeno poema nos remete a muitas emoções e suscitam sentimentos que, de outra forma, seriam banalizados no nosso cotidiano.
Que das estrelas nasçam sorrisos!
Com carinho,
Helena

Mar Arável disse...

HELENA
perdoe o desaforo

Esta coisa da net é um espanto.
Quem diria que a minha preta tinha uma amiga.
No funeral só estive eu, o galo mais duas galinhas e os cães.

... e já foi tanto

A. disse...

Pobre, pobre, pobre galinha,
Veio-lhe o abafo, coitadinha,
Levou o resto dos ovos com ela,
Levou a branca, levou a amarela,
Deixou penas negras em seu ninho,
Foice deste país muito magricela,
Deixou o galo gordo muito sozinho,
E o cão do povo preso pela trela!...

:)...

"Não se deve esperar que as galinhas morram; morrem, concerteza, ofendidas... como se se tivessem sido penosas imprestáveis!...
Não se deve deixar que os cães as vejam morrer!..."

Abraço

ana disse...

Muito bonito. Gostei muito.
Tem uma sonoridade fantástica.
Boa noite!:))

Suzete Brainer disse...

As palavras refletidas de

uma ternura encantadora...

Bjo,Poeta.

vieira calado disse...

Espero que tenha sido de morte natural...
Saudações poéticas!

Olinda Melo disse...


Caro Mar

São lindas e doces as palavras que aqui nos traz. Como sempre, habituados que estamos às suas metáforas, induzem-nos na procura de sentidos outros...

Trouxeram-me à lembrança um texto, extraído de "Laços de Família" de Clarice Lispector, que fala de uma galinha e que começa assim:

"Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.

Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio." (...)

Abraço

Olinda

Justine disse...

As palavras - muitas vezes aquilo que de maior valor se pode oferecer...

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

não sei se esta galinha teria só duas patas, teria no entanto algo que não passou despercebido ao Poeta.

uma forma original de se fazer poesia.

:)

Teresa Durães disse...

Terno poema. Já o fiz por uma piriquita minha. Assim é o amor.

GarçaReal disse...


Não são só palavras....Algo está muito para além disso...


Gostei

Bom fim de semana

Bjgrande do Lago

maceta disse...

eles tambem têm alma?

abraço

Manuel Veiga disse...

um dia as galinhas terão dentes... conforta-te, meu irmão!

abraço, Poeta.

Odete Ferreira disse...

Não são só as metáforas que estão (estarão) por detrás dos teus poemas. São enigmas que tu próprio engendras e o leitor que parta à sua decifração!
Atento na trilogia galinha, preta, ovo branco. Por que não a representação de seres viventes?

Sempre apetecível ler(-te), Mar
Bjo :)